Dia dos Pais e a aceitação das outras formas de famílias

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O Dia dos Pais será comemorado neste domingo (09). A tradicional data, a cada ano, ganha novos contornos e oferece visibilidade a personagens antes esquecidos. Pautadas, sobretudo, no amor incondicional aos filhos, as novas configurações familiares entram em cena. Por meio de muita força e coragem, aos poucos, conquistam a aceitação e o respeito da sociedade.

Solteiro e com uma enorme vocação à paternidade, o professor universitário e analista do INSS, Ricardo Sampaio, fez história ao adotar uma criança. Ele conseguiu ser o primeiro pai da Bahia a ter o direito à Licença Maternidade de 90 dias. Sampaio fez a adoção quando o bebê tinha quatro meses. Hoje, após oito anos de intenso relacionamento entre pai e filho, a experiência da paternidade foi tão positiva que o professor, ainda solteiro, acaba de entrar com processo para adotar mais uma criança.

A psicóloga Helena Miranda dos Santos, do Conselho Regional de Psicologia da Bahia, explica que para além do preconceito, a ???maternagem??? é uma construção social que pode ser exercida tanto por mulheres como por homens. Sobre a atual visibilidade às novas configurações familiares, Helena entende que é fruto de décadas de luta. ???As conquistas são consequências das reivindicações de muitos movimentos sociais, incluindo o movimento feminista e LGBT, que, com base nos direitos humanos e nas garantias constitucionais, busca demarcar esse lugar???. Mas, apesar dos avanços, Helena ressalta: ???Entendemos que a aceitação da sociedade ainda precisa ser trabalhada de forma contínua, de modo que as pessoas sejam aceitas como elas são e livres de preconceitos???, afirma.

Terapeuta de famílias e também psicólogo, Alexandre Coimbra, comenta que é por meio da família que construímos as primeiras formulações em grupo, que buscamos a proteção, a socialização e a inicialização da cultura. Para ele, o principal a ser cuidado é a qualidade dos vínculos afetivos, o conteúdo das relações familiares e não o seu formato. Coimbra analisa que o preconceito ainda existente com as novas relações familiares é uma evidência da cultura conservadora do país. ???No final dos anos 70, o preconceito atingia as famílias com pais separados. Hoje isso é algo comum na sociedade. São avanços conquistados com o tempo???, comenta Coimbra.

A experiência vivenciada pela pesquisadora da UFBA, Lygia Viégas, reforça o comentário de Coimbra sobre os avanços da sociedade. As novas concepções de família já repercutem também nos projetos pedagógicos de instituições de ensino atentas à realidade social. A escola de ensino fundamental em que a filha de Lygia está matriculada comemora o Dia da Família, e optou por abolir os dias do pai e da mãe. A pesquisadora se mostra satisfeita com a decisão: ???A comemoração tem por objetivo reunir a família em atividades. ?? interessante, pois tem crianças com duas mães, ou com pai falecido, ou que moram com avós, ou adotadas. Essa forma de abordar a relação da criança com a família, por ser mais aberta, é mais democrática, de forma que todas se sentem contempladas, sem constrangimento???, observa a mãe.

O terapeuta familiar, Alexandre Coimbra, finaliza explicando que é necessário se pensar a família não apenas a partir do seu modelo nuclear, ou seja, pais, mães e filhos. Mas a partir do conceito de família extensa, em que se incluem avós, tios e outros. ????? o conjunto de todas essas relações que oferece à criança o sentido de identidade, de crença???, encerra Coimbra.

Por Murilo Bereta

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