Apontado como homem forte nos lastros da justiça, o ex-secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, é apontado como servidor público que atuou para proteger os acusados envolvidos no esquema de fraude com terras no oeste baiano. Por sua participação, teria recebido pagamento generoso.
No cargo durante os dois mandatos de Jaques Wagner e em todo o primeiro mandato de Rui Costa (PT), o ex-secretário só foi afastado do cargo após a justiça revelar sua participação no esquema criminoso, conforme consta na denúncia assinada pela procuradora Lindôra Maria Araújo.
Segundo a procuradora, Maurício Barbosa manipulou as operações Oeste Legal e Immobilis, enquanto usava outra operação, a Fake News, para intimidar adversários do grupo.
A quadrilha, segundo o MPF, era liderada por Adailton Maturino, sob a proteção do ex-secretário, que é policial federal de carreira, cedido ao governo da Bahia em 2007, na gestão de Wagner, na época, nomeado superintendente de inteligência e depois, em 2011, indicado ao cargo de secretário.
Crimes comprovados: Para os promotores, está mais que provado o envolvimento de Maurício Barbosa com os membros da quadrilha que envolveu o Tribunal de Justiça da Bahia, assim como sua atuação na proteção de criminosos do grupo usando a SSP-BA.
??Maurício impedia e atrapalhava a investigação das Operações Oeste Legal e Immobilis com a participação da desembargadora Maria do Socorro?, detalha a procuradora, numa referência à ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Maria do Socorro Barreto Santiago.
Além dela, o ex-presidente da Corte, Gesivaldo Brito, usava Maurício para aproveitar os recursos da SSP-BA e do próprio TJ-BA, usando-os para impedir o avanço de investigações da Operação Faroeste, aberta com jurisdição do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Uma vítima foi o delegado Jorge Figueiredo, exonerado do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) após questionar a cúpula da SSP-BA sobre a ausência de interesse na operação Oeste Legal, que apurava apropriação indevida de terras.
Vida de milionário: De acordo com o MPF, o ex-secretário, ??além de dar sustentação para que os atos de corrupção fossem praticados pela organização criminosa em benefício de terceiros, também auferiu vantagens ilícitas, possuindo patrimônio incompatível com a renda declarada?.
O MPF descobriu que o salário de Barbosa, misteriosamente, foi suficiente para comprar imóveis em Salvador e uma mansão num condomínio de luxo de Costa do Sauípe, duas BMW (uma X6 e uma 320i), seis armas , sendo três Glock 112, entre outros bens.
Titular da SSP-BA por quase uma década, Barbosa é apontado como o controlador de ??grampos? ilegais, que a desembargadora Sandra Inês Rusciolelli chamava de ??grampologia?. A análise do celular de Barbosa mostrou que ele ainda comandava duas empresas de segurança privada.
Sociedades ilegais: Ele é citado como sócio de uma empresa com o coronel da reserva da PM Humberto Sturaro, ??em absoluta desconformidade as normativas militares?, conforme destaca o MPF na denúncia junto ao STJ. Outra parceria era com Cyro Raimundo Freitas Neto .
Superintendência de Gestão Prisional da Secretaria da Administração Penitenciária, Cyro era sócio de Barbosa na CDI Segurança Privada e foi exonerado depois que o parceiro pediu exoneração do cargo, já denunciado pelo MPF.
O Ministério Público Federal destaca uma tentativa de Barbosa de tentar ??se proteger de eventual colaboração premiada?. Segundo a denúncia, ele enviou um ofício para a Procuradoria-Geral da República questionando acordos que poderiam implicá-lo.
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