Mercado eleva expectativa para a inflação até 2024 e passa a ver IPCA a 6,8% neste ano

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O mercado financeiro revisou para cima a expectativa para a inflação até 2024 em meio ao aumento das pressões geradas pela guerra no Leste Europeu e a percepção de analistas de que os efeitos do conflito irão se prolongar por anos na economia global. As informações foram publicadas nesta segunda-feira, 28, no Boletim Focus, a pesquisa semanal do Banco Central (BC) com mais de uma centena de instituições. A previsão para a variação de preços medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano passou de 6,59% para 6,86%. A nova estimativa ??? a 11ª elevação ???, afasta ainda mais a percepção de a autoridade monetária cumprir a meta da inflação em 2022, de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual, ou seja, entre 2% e 5%. Para o ano que vem, a previsão passou de 3,75% para 3,8%. Já em 2024, o mercado elevou a estimativa do IPCA de 3,15% para 3,2%. O BC já indicou que não deve manter a inflação abaixo do teto da meta neste ano e que vai focar em trazer o índice para o limite em 2023, quando persegue o centro de 3,25%, com limites de 1,75% e 4,75%.

Apesar do aumento generalizado para a variação de preços, a opinião do mercado manteve a previsão dos juros a 13% ao ano no fim de 2022, e de 9% em 2023. Para 2024, os analistas enxergam a taxa em 7,5% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic de 10,75% para 11,75% há duas semanas e deixou contratada nova alta de 1 ponto percentual no encontro agendado para maio. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já indicou que enxerga o fim do ciclo de alta de juros no próximo encontro do colegiado, porém, o cenário incerto em meio ao conflito na Ucrânia pode mudar os planos e fazer com que a alta dos juros se estenda até o encontro agendado para junho.

A Selic é a principal ferramenta do BC para conter a variação de preços, e a sua escalada incide diretamente na desaceleração da economia pela taxa ser usada como referência para empréstimos bancários e financiamentos. O mercado segurou a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 para alta de 0,5%, e de 1,3% no ano que vem. O recente movimento de desvalorização do dólar, que desde o começo do ano já acumula queda de 14% ante o real, levou ao corte na projeção para este ano de R$ 5,30 para R$ 5,25, e de R$ 5,22 para R$ 5,20 em 2023. O câmbio pende a favor da moeda brasileira desde o início do ano pela expectativa dos juros altos. O movimento foi reforçado após a eclosão da guerra na Ucrânia com a disparada da cotação das commodities.

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