Bombas sufocam diplomacia após novas ofensivas de tropas russas

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Brasília ??? A intensificação de bombardeios contra alvos civis e o fracasso de um ultimato da Rússia às cidades de Mariupol (sudeste), Kharkiv (Nordeste) e Kiev afastaram a possibilidade de um acordo de cessar-fogo na Ucrânia. O presidente Volodymyr Zelensky declarou que qualquer “compromisso” obtido pelos negociadores dos dois países deverá ser submetido a um “referendo” na Ucrânia e descartou atender aos prazos impostos por Moscou. “A Ucrânia não pode aceitar nenhum ultimato da Rússia. Em primeiro lugar, eles terão que destruir todos nós, só então seus ultimatos serão respeitados”, avisou.
Pouco depois, Zelensky insistiu na necessidade de uma reunião, “da maneira que for”, com o homólogo russo, Vladimir Putin. “Acredito que sem esta reunião é impossível entender completamente o que eles (os russos) estão prontos para fazer parar a guerra”, afirmou, em entrevista à Suspilne, um portal de comunicação público regional ucraniano.
Até o fechamento desta edição, 3,4 milhões de refugiados abandonaram a Ucrânia ??? outros 10 milhões tornaram-se deslocados internamente.  Por várias vezes, Zelensky citou a vontade de se encontrar pessoalmente com Putin para discutirem uma solução para o conflito. O pedido de ontem foi especialmente insistente. O líder ucraniano advertiu que Mariupol está sendo “reduzida a cinzas, mas sobreviverá”. Os bombardeios russos ocorrem em intervalos de 10 minutos. Pelo menos 100 mil dos 450 mil moradores conseguiram fugir. Os 350 mil civis que ficaram estão cercados pelas forças invasoras.
Natural de Mariupol, Parkhomenko Vyacheslavovi, estudante de ciência política, tem conversado todos os dias com amigos e familiares da cidade, depois de se refugiar em Kropyvnytskyi (Centro). “Pelo menos 80% das construções de Mariupol foram arrasadas. Os russos destruíram um teatro que abrigava centenas de mulheres e seus filhos. Os moradores escreveram a palavra ‘crianças’ no chão, de forma que os pilotos dos aviões pudessem avistá-la. De nada adiantou”, lamentou. “Os russos isolaram Mariupol do mundo exterior e continuam a pressionar os civis, tanto moral quanto fisicamente. As pessoas não vivem lá, mas sobrevivem.” Desde 2 de março, não há acesso à luz, à agua e a aquecedores.
Emil Heleta, de 19 anos, mora com os pais e dois irmãos no Centro de Odessa. Por volta das 6h30 de ontem (1h30 em Brasília), navios de guerra da Rússia dispararam contra a cidade portuária situada na parte noroeste da Península da Crimeia, às margens do Mar Negro. “O ataque ocorreu a 11 quilômetros da região de minha casa e teve um impacto mais psicológico do que sobre a infraestrutura. Alguns dos refugiados com quem conversei, que pretendiam retornar, mudaram de plano. As autoridades afirmam que os navios recuaram e um deles afundou”, disse ao Estado de Minas. Emil contou não ter medo da guerra. Lembra que pavor era comum nos primeiros dias; depois, acostumou-se à situação. “Muitas pessoas abandonaram Odessa. Eu e minha família selamos as janelas com fitas e preparamos o porão para o caso de um grande bombardeio. Também arrumamos água potável e comida.”

SHOPPING EM ESCOMBROS

Em Kiev, capital da Ucrânia, o shopping Retroville foi transformado em escombros após um ataque russo “com armas de precisão de longo alcance”, no fim da noite de domingo. Repórteres da agência France-Presse viram seis cadáveres cobertos no chão. “Malditos terroristas russos!”, balbuciava um padre ortodoxo, enquanto caminhava entre  os oito mortos. Mykola Volkivskyi, ex-assessor do presidente do Parlamento (2014-2021) e cientista político, afimou à reportagem que a capital inteira escutou o som da explosão. “O shopping foi atingido por um mísisil hipersônico. Aconteceu às 22h44 de anteontem (hora local). Não existe uma base militar no estacionamento ou perto do centro comercial. Os russos querem intimidar as pessoas e nos levar à rendição, mas isso não vai ocorrer.” A Rússia diz que o Retroville era utilizado como “depósito de armas”.
Para Volkivskyi, o número crescente de refugiados exerce pressão sobre Zelensky. “Muitas cidades foram destruídas, a infraestrutura militar está seriamente danificada, e nosso povo sofre com as perdas. Há temas sociais e a estabilidade do sistema econômico. Precisamos de paz???, comentou. 
AFP

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