Senado instala comissão para modernizar a Lei do Impeachment

Publicado:

O Senado instalou nesta sexta-feira (11) a comissão de juristas para atualizar e modernizar a Lei do Impeachment, de 1950. A norma define os crimes de responsabilidade e regula o processo de julgamento de autoridades que incorrerem nessas práticas.ebcebc

Funcionamento

A comissão terá 180 dias para apresentar um estudo e um anteprojeto sobre o tema. Depois de subscrito por um ou mais parlamentares, o texto passa a tramitar como um projeto de lei e, se aprovado pelo plenário do Senado, seguirá para análise da Câmara dos Deputados. Após vencidas essas etapas, a proposta segue para sanção do presidente da República.

Sob a presidência do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que em 2016 presidiu a sessão que resultou no impeachment de Dilma Rousseff (PT), integram o colegiado 11 juristas. O grupo não receberá remuneração, mas os gastos com logística gerada durante o funcionamento da comissão serão custeados pelo Senado.

??Isso é muito importante para o país, uma modernização de uma lei fundamental para os dias de hoje, para que se possa ter a melhor disciplina possível em relação a um instituto que foi recentemente usado por mais de uma vez no Brasil e que, obviamente, precisa estar adequado sobretudo à Constituição de 1988, que veio bem depois da sua edição na década de 50?, disse o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Lei defasada

De acordo com a justificativa do ato que cria a comissão, editado pelo presidente do Senado, a Lei do Impeachment, parcialmente recepcionada pela Constituição Federal de 1988, está defasada. ??Considerando que os problemas da Lei nº 1.079/50, elaborada ainda na vigência da Carta de 1946, já foram apontados em diversas ocasiões pela doutrina e jurisprudência como fonte de instabilidade institucional, demandando assim sua completa revisão?, ressalta o documento.

No entendimento do ministro Ricardo Lewandowski, o descompasso da norma com a chamada Constituição Cidadã, de 1988, está explícito especialmente no que diz respeito ao devido processo legal, ao direito à ampla defesa e ao contraditório do acusado. Para o ministro, a razoável duração do processo também é um ponto a ser considerado pela comissão.

Ao lembrar a experiência de ter presidido a etapa do Senado do processo que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o ministro lembrou que por ser uma norma ??pobre?, no que diz respeito a procedimentos, naquele caso precisou reunir os lideres da Casa para fazer um procedimento ??ad hoc?, ou seja, próprio para aquele momento. ? época, destacou o ministro, a conduta teve como base parte dos regimentos do Senado e da Câmara dos Deputados, os precedentes do Supremo Tribunal Federal, preceitos do Tribunal do Júri, previstos no Código de Processo Penal e a experiência do processo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992.

Quem integra a comissão de juristas:

– Ministro Ricardo Lewandowski, ministro do Supremo Tribunal Federal;

– Antonio Anastasia, ministro do Tribunal de Contas da União;

– Rogério Schietti Cruz, ministro do Superior Tribunal de Justiça;

– Fabiano Silveira, ex-ministro da Controladoria-Geral da União;

– Marcus Vinícius Coêlho, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil;

– Heleno Torres, jurista;

– Gregório Assagra de Almeida, jurista;

– Maurício Campos Júnior, advogado;

– Carlos Eduardo Frazão do Amaral, advogado;

– Fabiane Pereira de Oliveira, assessora do STF;

– Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, conselheiro do Conselho Nacional de Justiça.

Comentários Facebook

spot_img

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Tropas da França são expulsas de outro país da África, o Chade

As tropas da França foram expulsas de mais um país africano, o Chade, em um episódio que evidencia a diminuição da influência francesa...

MPE quer inelegibilidade de Caiado e cassar chapa de Mabel por abuso de poder

O Ministério Público Eleitoral (MPE) solicitou a inelegibilidade do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e da chapa liderada por Sandro Mabel, prefeito eleito...

Rui Costa culpa BC por alta histórica do dólar: “Boicote ao governo”

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, responsabilizou o Banco Central do Brasil pela alta do dólar, que ultrapassou a marca de R$6...