Crise na Câmara expôs fragilidade na articulação de Bruno Reis com base aliada

Publicado:

Os acontecimentos na política baiana ao longo das últimas semanas podem ter exposto um “bate-cabeça” na articulação do prefeito de Salvador e braço direito de ACM Neto (UB), Bruno Reis (UB). A avaliação é que faltaria a ele o “Bruno Reis” que ele foi para o ex-prefeito durante sua gestão na capital baiana. Isso porque Reis é um articulador político nato e sempre atuou muito bem nos bastidores. Durante o governo de ACM Neto, enquanto era vice-prefeito, tinha bom trânsito na Câmara de Salvador para fazer o elo entre o Executivo e o Legislativo.

 

Ao seu lado, na vice-prefeitura, Bruno Reis tem Ana Paula Matos, quadro técnico que começou a ganhar maior projeção política a partir de 2020, e também devido a atuação em seu partido, o PDT. Nos últimos dias a vice-prefeita deixou a Secretaria de Governo para coordenar a campanha da legenda na Bahia. Vereadores procurados pelo Bahia Notícias, no entanto, sinalizaram que Ana não tem participado tanto das costuras políticas, apesar de estar ao lado do prefeito em diversas ocasiões, e se reserva a tratativas em indicações de vereadores para cargos na prefeitura e demandas mais corriqueiras, na relação entre Executivo e Legislativo.

 

E foi justamente na Câmara de Vereadores que o problema de articulação ganhou forma e chamou atenção do meio político. No final do mês de março o presidente da CMS, vereador Geraldo Júnior (MDB), fez uma movimentação poucas vezes vistas na Casa: alterou pontos da Lei Orgânica do Município e mexeu no regimento interno da Câmara para permitir a reeleição da presidência em uma mesma legislatura. Antes, a legislação autorizava que o presidente fosse reeleito em legislaturas diferentes.

 

Com a mudança, Geraldo Júnior antecipou a eleição da mesa diretora – prevista para o início de 2023 – e em chapa única foi eleito para seu terceiro mandato consecutivo, e colocou um aliado de primeira hora na vice-presidência para o biênio 2023-2024: o vereador Carlos Muniz (PTB). O movimento ocorreu pouco antes de o vereador, até então aliado do grupo de ACM Neto e Bruno Reis, virar de lado e ser anunciado como vice-governador para a chapa de Jerônimo Rodrigues, do PT.

 

A articulação de Geraldo aconteceu “bem debaixo do nariz” do líder do governo na Câmara, Paulo Magalhães Jr (UB) e do prefeito Bruno Reis (UB), e deixou a gestão em uma saia justa. Não era segredo que o nome de Kiki Bispo (UB), vereador que está licenciado para atuar na Secretaria de Combate à Pobreza e Promoção Social, estava posto para disputar a sucessão de Geraldo em 2023 com chancela de Bruno. A responsabilidade pelo “nó” político que o grupo recebeu foi, inclusive, atribuída por um aliado histórico de ACM Neto sob condição de anonimato a Paulo Magalhães e ao próprio prefeito.

 

Quem também tem se queixado das amarrações políticas são algumas lideranças de partidos aliados. O caso que exigiu maior atenção foi o do PSDB, que reclama da relação com os nomes de candidatos – também chamada de nominata – para a disputa das eleições proporcionais, já que foram prometidas indicações de quadros para compor a legenda e agregar votos, a “rabada”. O PSDB também decidiu mostrar seu valor após o principal nome do partido não se desincompatibilizar do Executivo para pleitear a vice de Neto. Prefeito de Mata de São João, João Gualberto preferiu continuar onde está e, diante dos avanços para a vaga ser ocupada por Marcelo Nilo, recém filiado ao Republicanos, os tucanos indicaram Adolfo Viana para a majoritária.

 

A defesa por um nome do partido é uma tentativa de não ficar ‘para trás’ no processo, que entregaria a vice para o ‘novato’ do grupo, Nilo, que já chegaria sentando na janela. O desejo do partido não está centrado em Adolfo, e até o nome da vereadora de Salvador, Cris Correia, passou a ser aventado como possibilidade. Como justificativa, um dos quadros do PSDB apontou que a sigla sempre foi parceira de primeira hora de ACM Neto, desde o início de seu projeto político, e ajudaram, inclusive, a carregar a pecha de fazer oposição há mais de 14 anos na Bahia.

 

Na mesma linha de insatisfações está o Solidariedade, partido que declarou apoio formal à candidatura de ACM Neto ao Palácio de Ondina no início do mês de março. A ideia da legenda é lançar pelo menos 40 candidatos à Câmara dos Deputados e 64 à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Lideranças, no entanto, apontam para o papel de centralização de Bruno Reis, que quer participar diretamente do processo para a indicação dos nomes que fortaleceriam a chapa proporcional do partido, mas que até o momento poucos candidatos chegaram para a conta.

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Tudo o que precisa de fazer para garantir a saúde e bem-estar do seu gato

Os animais de estimação trazem alegria a qualquer casa, no entanto, não são meros acessórios e é preciso tratar muito bem deles. Os gatos...

Em último dia de campanha, ACM Neto prega voto útil

O candidato a governador ACM Neto (União Brasil) destacou na noite deste sábado (1º) a sua confiança de vitória no primeiro turno e...

Caravelas está realizando a entrega de 400 óculos para alunos atendidos no projeto oftalmológico de saúde na escola

A entrega dos 400 óculos completa o objetivo do Projeto Nosso Povo, Nossa Riqueza em cuidar da saúde e melhorar a qualidade de vida...