Defensorias Públicas pedem revisão de cartilha do MS sobre aborto

Publicado:

As Defensorias Públicas de 13 estados do Brasil fizeram um documento em que questionam o Ministério da Saúde acerca da cartilha “Atenção Técnica para Prevenção, Avaliação e Conduta nos Casos de Abortamento”, que em um dos trechos defende que “todo aborto é um crime”, e que os casos permitidos no país (risco para mãe e em casos de violência sexual) são classificados como ???excludente de ilicitude???.

 

A cartilha foi publicada no início de junho e as defensorias defendem que, mesmo que o documento não tenha caráter obrigatório, ele tem o potencial de produzir desinformação e restrição do direito de mulheres e meninas.

“Nenhum direito pode ser exercido sem que a pessoa tenha informação. A pessoa só é capaz de ser cidadã a partir do momento em que ela conhece esses direitos. Então o Ministério da Saúde com esse documento, ele cria um cenário de coerção, de medo e de uma sensação de insegurança jurídica para as pessoas que trabalham e para as pessoas que necessitam de atendimento médico”, explica Nalida Coelho Monte, do Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos Gerais.

 

 

Além disso, o texto das defensorias aponta que o documento do ministério usa de julgamentos morais e sem respaldo científico. O texto foi debatido em audiência pública nesta terça-feira (28/6), no entanto, Nadine avalia que o caráter democrático da audiência foi comprometido por ter sido marcada com apenas alguns dias de antecedência. 

 

“Mais de 80 entidades que debatem os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres solicitaram participação ou adiamento da audiência para realização em outra data e esse pedido não foi atendido pelo Ministério da Saúde”, reforça ela.

Nalida comenta ainda sobre a importância do documento. “Os profissionais de saúde acabam ficando num cenário de muita insegurança justamente por acreditar que se eles prestarem o atendimento eles vão estar cometendo um crime, então essa sensação de insegurança e coerção nos profissionais de saúde acabam produzindo um cenário de restrição dos direitos das mulheres”, explica. “Quando fala que uma conduta é crime o Ministério da Saúde acaba coagindo os profissionais de saúde a não prestar atendimento médico, porque eles vão acreditar que estão praticando um crime”, pontua. 

Comentários Facebook

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Opção pela morte

A tragédia do corredor Emerson Pinheiro, que teve sua vida modificada de forma irreversível após um atropelamento na Pituba, é um reflexo angustiante...

Brasil registra mais de 10 mil roubos de carga em 2024 e prejuízo passa de R$ 1,2 bilhão

Levantamento do Sinesp revela média de 27 ocorrências por dia; avanço da criminalidade em 2025 preocupa setor de transporte e pressiona consumidores com fretes mais caros.

‘Dona de Mim’: Abel reaparece e revela segredo comprometedor

Em um retorno impactante em "Dona de Mim", Abel (Tony Ramos) traz à tona um segredo de família que pode mudar tudo. Em...