O dia 8 de junho será sempre especial para Gustavo Kuerten e todo o tênis brasileiro. Foi nessa data que o catarinense conquistou, em 1997, o seu primeiro título de Roland Garros. Mais do que um troféu inédito de Grand Slam, o triunfo em Paris 25 anos atrás foi o passaporte de entrada de Guga no cenário esportivo nacional e mundial.
Após vencer grandes adversários e surpreender o circuito com atuações inesquecíveis, o brasileiro coroou aquela quinzena mágica com uma conquista que nem ele mesmo esperava. Desde então, o ??manezinho da Ilha? se tornou protagonista nos principais palcos da modalidade.
Considerado o maior tenista do país entre os homens (Maria Esther Bueno e seus 19 títulos de Major, entre simples, duplas e mistas, é absoluta no cenário nacional), Kuerten ganhou 20 campeonatos na elite, levantou mais duas vezes a taça na capital francesa (2000 e 2001) e chegou ao posto de número 1 do mundo, onde permaneceu por 43 semanas ao todo.
? ainda o único jogador na história a vencer os lendários norte-americanos Pete Sampras e Andre Agassi em um mesmo torneio, na campanha para o título da Masters Cup (atual ATP Finals), em dezembro de 2000, quando chegou pela primeira vez à liderança do ranking. Pelo Brasil, liderou no mesmo ano a equipe que chegaria às semifinais da Copa Davis, repetindo o melhor resultado do país no torneio, alcançado pela geração de 1992.
Ao longo de sua vitoriosa carreira, Guga nunca escondeu que o Aberto da França era o seu torneio preferido, e para alcançar o sucesso que obteve no saibro parisiense ele fazia uma preparação especial, mudando até a sua rotina alimentar durante as duas semanas de competição.
Ao invés de carne vermelha, por exemplo, o tenista dava prioridade para massas, frango e vegetais com folhas verdes, alimentos benéficos para a concentração e o desempenho físico muito utilizados por atletas de diferentes modalidades, como o próprio tênis, golfe, tiro com arco, poker, dentre outras. Em quadra, o catarinense sempre comia uma banana para repor as energias durante as pausas.
Um dos momentos mais marcantes de Kuerten em Roland Garros aconteceu em 2001, no ano do tricampeonato. Após uma de suas vitórias mais difíceis na história do torneio, vencendo de virada o norte-americano Michael Russell depois de sair dois sets atrás e salvar um match-point contra, Guga desenhou um coração no saibro e se ajoelhou enquanto era aplaudido de pé pelo público.
Dias depois, ao conquistar o seu terceiro troféu na competição, ele repetiu o gesto, só que dessa vez se deitando na terra batida da quadra central. Segundo consta em sua autobiografia “Guga, um brasileiro” (Sextante, 2014, p. 302), escrita por Luís Colombini, a atitude foi uma forma de transmitir seu sentimento aos torcedores que tanto o apoiaram. Foi a consumação de um amor eterno.
A identificação do tenista com o Grand Slam francês é tanta que o torneio foi escolhido para ser o último de sua carreira, em maio de 2008. No dia 25 daquele mês, Guga foi derrotado por 3 sets a 0 para o anfitrião Paul-Henri Mathieu. Ao final do jogo, ele recebeu uma homenagem da Federação Francesa de Tênis e um troféu comemorativo com os materiais da quadra de saibro de Roland Garros.
Celebração dos 25 anos: A fim de comemorar as duas décadas e meia da grande façanha de sua vida, Kuerten esteve em Paris para acompanhar a edição 2022 do torneio. Por lá, participou de uma série de eventos e entrevistas, bateu bola na quadra Philippe-Chatrier (estádio principal do complexo esportivo francês), reencontrou a Copa dos Mosqueteiros (troféu do campeão) e foi anunciado nos alto-falantes antes da vitória do espanhol Rafael Nadal sobre o norueguês Cásper Ruud na decisão masculina.
??Foram duas semanas que o mundo virou de cabeça para baixo, a zebra estava solta aqui em Paris. Foi um momento que transformou as nossas vidas?, disse o tenista em vídeo publicado nas redes sociais durante a visita ao torneio.
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