Polícia descarta crime por motivação política

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A Polícia Civil do Paraná concluiu o inquérito sobre o assassinato do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, ocorrido há uma semana. De acordo com o resultado das investigações, não houve motivação política na ação do policial penal bolsonarista Jorge Guaranho, que invadiu a sede da associação onde o petista comemorava aniversário de 50 anos e o matou a tiros. Guaranho, que segue internado em estado grave, porque também foi baleado por Arruda, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e causar perigo comum, de acordo com a delegada Camila Cecconello.
A delegada disse que Guaranho atirou em Marcelo Arruda por ter se sentindo ofendido, já que o petista jogou um punhado de terra e pedra no carro dele, depois de provocação política. Segundo testemunhas, os dois discutiram sobre suas preferências políticas. Guaranho falava palavras de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e contra o ex-presidente Lula, enquanto Marcelo se manifestava contra o atual presidente e a favor do petista.
Camila Cecconello afirmou ainda que o assassinato não foi provocado por motivo político por ter entendido que os tiros foram dados após discussão. Segundo ela, nesse primeiro momento o agente penal saca e aponta a arma para Arruda, mas vai embora. ????? difícil falarmos que é um crime de ódio, que ele matou pelo fato de a vítima ser petista”, alegou a policial. As investigações mostram que Guaranho deixou a esposa e o filho em casa e disse: ???Isso não vai ficar assim, nós fomos humilhados, né? Ele nos provocou, nos humilhou, eu vou retornar???, revelou a delegada.
Ainda de acordo com os depoimentos, as pessoas que estavam na festa ficaram preocupadas com a possível volta do policial. Marcelo Arruda pegou a arma institucional dele e guardou na cintura. Outras pessoas da festa foram à portaria do clube e pediram para o porteiro fechar o portão com medo de que o policial retornasse.
Guaranho chegou logo depois e encontrou o portão fechado. Ele foi interpelado pelo porteiro, mas saiu do carro, abriu o portão e disse: ???Sai da frente que o problema não é com você, eu vou entrar???. Na porta do clube, segundo testemunhas, vítima e assassino ficaram por cerca de três a quatro minutos um apontando a arma para o outro, até que Guaranho começou a atirar.
Ele entrou na festa e deu mais tiros. Marcelo Arruda estava no chão e começou a revidar com tiros também. O policial penal caiu ao ser atingido. Marcelo morreu pouco depois. A delegada afirmou que o policial penal fez quatro disparos. Dois atingiram o tesoureiro do PT. Marcelo Arruda atirou 10 vezes, acertando quatro tiros no policial. O inquérito aponta que Marcelo tinha se armado para se defender, sabendo do provável retorno de Guaranho. “A vítima pega a sua arma de fogo como proteção de um eventual retorno do autor. E a vítima aponta a arma de fogo quando vê a volta do autor, porque já sabia que o autor estava armado. Então, é uma atitude natural da vítima querer se defender???, disse. A delegada afirmou que avalia ainda se Guaranho não premeditou o crime, porque, embora tenha recebido a informação de que a festa tinha temática do PT e tenha ido até lá para provocar com música de Bolsonaro, cometeu o crime num segundo momento. “Segundo os depoimentos, que é o que temos nos autos, ele voltou porque se sentiu ofendido com essa escalada da discussão, com esse acirramento da discussão entre os dois”, disse.
Ainda de acordo com a delegada, para se enquadrar em motivação política, seria necessário identificar um desejo de Guaranho em impedir os direitos políticos de Marcelo, o que, para ela, seria “complicado de dizer”. ???Para enquadrar em crime político, tem que enquadrar em alguns requisitos. ?? complicado a gente dizer que esse homicídio ocorreu porque o autor queria impedir os direitos políticos da vítima. Parece mais uma coisa que se tornou pessoal”, afirmou.
De acordo com a Polícia Civil, Guaranho estava em um churrasco quando soube que a festa de aniversário de Marcelo era realizada na associação. Ele foi informado por outra pessoa que tinha acesso às câmeras de segurança do local. Sem fazer comentários, conforme a delegada, Guaranho saiu do churrasco e foi para a festa fazer provocação. Testemunhas disseram que ele chegou em carro com a esposa e um bebê. Além disso, o carro do atirador tocava música de apoio a Bolsonaro. Em suas redes sociais, Jorge Guaranho havia feito várias postagens em defesa do presidente Jair Bolsonaro, algumas, inclusive, desde a campanha presidencial de 2018.

DEFESAS 

O advogado Ian Vargas, da equipe de defesa da família de Marcelo Arruda, disse que inquéritos de casos complexos como este levam mais tempo. ???Normalmente leva um tempo esses inquéritos, principalmente desta magnitude, com essa complexidade, com essa quantidade de pessoas que foram ouvidas e provas a serem colhidas como pericias de celular, computador, veículo, câmeras de outros locais???. 
O advogado Carlos Bento, que da equipe da defesa de Guaranho, afirmou que o inquérito pode ter terminado aos olhos da polícia, mas que para a defesa, ???está iniciando???.  ???Foram ouvidas testemunhas que a defesa não teve acesso. São testemunhas que estavam na festa. São testemunhas que certamente são amigos da suposta vítima???, disse.
 

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