‘Faltou tempo de treino para os árbitros de VAR’, admite o presidente da CBF

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Sétimo dirigente a assumir a presidência da CBF na última década, Ednaldo Rodrigues completou no mês passado um ano à frente da confederação. Primeiro, de forma interina, mas desde março o baiano de Vitória da Conquista ocupa o cargo mais alto do futebol brasileiro de maneira oficial.

Eleito praticamente por unanimidade, Ednaldo tem a missão de recuperar a credibilidade de uma entidade que, nos últimos anos, viu seus principais cartolas serem banidos, suspensos, depostos ou até mesmo presos.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, o dirigente falou sobre a má fase da arbitragem brasileira, o calendário do futebol do País, combate ao racismo, entre outros assuntos. Desses todos, um único tema não teve resposta direta: a sucessão de Tite, que já declarou que deixará a seleção. “A gente só vai tratar desse assunto depois que terminar a Copa do Mundo”, garantiu Rodrigues

O Wilson Seneme foi colocado à frente da Comissão de Arbitragem e vocês falaram em “divisor de águas”. Quando a arbitragem de fato vai melhorar?
O problema da arbitragem é em todo mundo. Aqui ainda mais, porque quem estava antes não planejou melhor a situação do treinamento, principalmente dos árbitros que operam VAR. Faltou tempo de treino. Quiseram fazer de uma forma rápida, mas não deram uma condição melhor. ?? exatamente isso que o Seneme está procurando fazer, e dando a mão à palmatória. Ele não teve tempo de fazer uma pré-temporada, uma intertemporada. A gente ainda não está na perfeição, não é o que a gente espera. Mas não é falta de trabalho. Sempre vai haver discussão, mas tenho certeza que vão diminuir muito os equívocos.

Sobre datas, há espaço para melhorar o calendário do futebol brasileiro?
O calendário de 2023 não saiu até agora porque a gente depende, primeiro, da Fifa, depois, da Conmebol. A gente verifica as datas deles e, com o que sobra, a CBF faz o dela. A Copa do Brasil tem os melhores prêmios do futebol, e da primeira fase até a última um clube arrecada mais de R$ 70 milhões. Um clube, para isso, vai ter (que jogar) 14 datas. Para Libertadores, Sul-Americana, da mesma forma. Aí falam que o problema está nos Estaduais. Só que, para um clube chegar à Copa do Brasil, o acesso é pelos Estaduais. Se acabar os Estaduais, quem vai nortear? Para 2023, a gente entende que vai ser possível, mas em 2024 você tem Olimpíada e Copa América, então vai ficar difícil. A discussão tem que começar desde agora.

O senhor irá propor aos clubes no próximo ano a perda de um ponto em casos de racismo. Acredita que a medida vai ser aprovada?
Eu estou fazendo a minha parte. ?? no diálogo que as pessoas vão fortalecer suas ações. ?? uma proposta minha, da CBF, para que os clubes possam analisar. Acho que tem de haver penas desportivas; o estatuto da Fifa tem previsão legal para isso, o estatuto da Conmebol também, então que se aplique. Eu estou tranquilo se essa medida não for aprovada, mas a CBF tem o Regulamento Geral de Competições. Os julgadores, seja Comissão de ??tica, seja STJD, quem for, vai avaliar que o racismo é um crime violento, um crime bárbaro, e que julguem de acordo com isso.

Depois de assumir a CBF, o senhor trocou praticamente todos os diretores da entidade. Por que houve essas mudanças?
Primeiro que diretor é um cargo de confiança, não só competência Não adianta a pessoa ter competência, mas não ter confiança. E também não adianta ter confiança, mas não ter competência. A mudança foi pelo melhor da entidade. A entidade tinha um formato como se fosse uma confraria, e o que a gente queria era não ser mais o mesmo do mesmo. A gente buscou dirigentes com perfil de mudança, visando à competência, que pudessem melhorar as coisas ruins que, mesmo com tantos diretores, ficaram tanto tempo e não demonstraram.

A dois meses da Copa, o senhor considera que o trabalho na seleção brasileira tem sido bem feito?
Sim. Eu tive a oportunidade de acompanhar a seleção brasileira logo que o Tite assumiu, naquele ciclo anterior à Copa da Rússia Vi que é um trabalho bem organizado, competente. Nesse período agora, também vi que é um trabalho voltado ao melhor da seleção. ?? um trabalho com muita organização, com muito desprendimento, sempre buscando o melhor

A CBF não pensa num sucessor para Tite agora?
A gente só vai tratar desse assunto depois que terminar a Copa do Mundo. No momento a gente não tem pensado nisso. Não há um único detalhe.

Tem alguma ressalva a técnico estrangeiro na seleção?
Não tenho nenhum compromisso que seja técnico estrangeiro, como também não tenho nenhum compromisso que seja brasileiro. Não tenho preconceito com nacionalidade de treinador.

Sobre o futebol feminino: o senhor está satisfeito com o trabalho da Pia?
Estamos satisfeitos. Ela tem procurado fazer um trabalho de renovar a seleção, o que não é tão fácil.

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