Com uma semana para a população brasileira ir às urnas escolher seu candidato à Presidência da República, as eleições para a escolha do chefe do Executivo neste ano trazem consigo muitas histórias. Promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 1/22 em julho, que aumentou o valor mínimo do Auxílio Brasil para R$ 600; maior inflação desde o governo de Dilma Rousseff (PT), com 11,89% no acumulado em 12 meses; briga com governadores e diminuição do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos Estados sobre combustíveis, energia elétrica e setor de telefonia; parceria formalizada entre Telegram e Tribunal Superior Eleitoral; e o impasse para o surgimento de uma terceira via nas eleições foram alguns dos acontecimentos que nortearam o cenário político e econômico que vivemos. Após o início da campanha, muito se fala sobre as pesquisas de intenção de voto. Com diferentes metodologias, institutos de pesquisa diferentes apresentam cenários e prognósticos distintos para a decisão do pleito. Algumas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cotado para vencer no primeiro turno, outras com um segundo turno entre o petista e o atual mandatário Jair Bolsonaro (PL). Nesta reta final, o site da Jovem Pan realizou um levantamento para entender como se comportam as pesquisas de intenção de voto com sete dias para a decisão eleitoral e entender se os estudos realizados costumam errar ou acertar o nome do candidato que assumirá o Palácio do Planalto a partir do próximo ano.
Eleição de 1989 Uma semana antes do pleito que levou o candidato Fernando Collor (PRN) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao segundo turno, o Instituto Datafolha realizou, no dia 7 de novembro, uma pesquisa eleitoral para medir as intenções de voto do brasileiro à frente da sua primeira eleição direta para a escolha do chefe do Executivo desde a redemocratização. No levantamento, Collor encontrava-se com 25% dos votos válidos, seguido de Lula, com 15%; Leonel Brizola (PDT) tinha 14%, e Mário Covas (PSDB), 9%. Passados sete dias após a divulgação do estudo, os quatro primeiros colocados foram os mesmos ??? na mesma ordem ???, apenas com uma variação percentual ligeiramente maior de Collor. Os demais candidatos estiveram pouco acima da margem de erro de dois pontos percentuais. Collor teve 30,47% dos votos válidos; Lula, 17,18%; Brizola, 16,51%; e Covas, 11,51%. A ida dos antagônicos e primeiros colocados ao segundo turno concretizou-se, como previu a pesquisa.
Eleições de 1994 e 1998 Com o primeiro presidente eleito pelo voto popular após o fim da ditadura militar impichado, os brasileiros voltaram às urnas em 1994 para a escolha do próximo presidente. Meses após a implementação do Plano Real e com a demissão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) do Ministério da Fazenda, o tucano lançou sua candidatura à Presidência. O petista Lula também buscava se eleger pela primeira vez, mas a pesquisa Datafolha apontava, em 27 de setembro ??? uma semana antes do pleito ???, que o candidato tucano venceria em primeiro turno, com 48% dos votos, e Lula teria 22%. O cenário se materializou, e o filósofo, participante da criação da atual moeda brasileira, foi eleito o presidente da República. Tendo o Congresso Nacional aprovado a Emenda Constitucional Nº16, em 1997, o Poder Executivo teve o aval de reeleger seu comandante por um período de quatro anos. No ano seguinte, em 1998, Fernando Henrique buscava se manter no poder. As pesquisas do Datafolha e Ibope ??? ambas com dois pontos percentuais como margem de erro ??? mostravam que, a menos de dez dias da eleição, FHC seria reeleito novamente no primeiro turno e teria 47% e 47%, respectivamente; Lula, 28% e 24%; Ciro Gomes (PDT) pontuaria 8% e 9%. No dia da escolha, a apuração final dos votos mostrou que os levantamentos acertaram em seu direcionamento: Fernando Henrique foi reeleito sem a necessidade de segundo turno, com 53,06% dos votos. Já Lula teve 31%, e Ciro, 10,97%.
Eleições de 2002 e 2006 Passada a Era FHC, o petista Lula viria para sua quarta eleição presidencial como o favorito nas pesquisas. A menos de uma semana das eleições, no dia 29 de setembro de 2002, o instituto Datafolha divulgou um levantamento no qual o petista aparecia com 45% da preferência do eleitorado. José Serra (PSDB), candidato do partido que buscava manter-se no poder, tinha 19%. Anthony Garotinho aparecia 15% e Ciro Gomes (PPS) pontuou 11%. No dia da escolha dos candidatos, Lula teve 46,44% após a apuração das urnas eletrônicas. Serra foi ao segundo turno contra o petista com 23,19%. Anthony Garotinho, que teve 17,86%, e Ciro Gomes, com 11,97%, estavam fora da disputa. Na busca pela reeleição, em 2006, o candidato do Partido dos Trabalhadores passou a apresentar uma grande possibilidade de levar a disputa ainda no primeiro turno. O Datafolha e o Ibope apresentaram, nos dias 23 e 24 de setembro de 2006, pesquisas em que afirmavam que Lula teria, na semana seguinte, 49% e 47% das intenções de voto. Geraldo Alckmin (PSDB), que vinha do governo do Estado de São Paulo, aparecia com tendência de alta e com 31% e 33% da preferência do eleitorado. No domingo das eleições, Lula teve 48,61%. Alckmin apresentou 41,64% dos votos. Houve segundo turno.
Eleições de 2010 e 2014 Passado os oito anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Brasil ainda não tinha visto um partido eleger um sucessor após a releição de um candidato. Com uma avaliação positiva ao fim do governo de mais de 80%, o Partido dos Trabalhadores estava próximo de manter sua hegemonia no poder e lançou Dilma Rousseff para comandar o Palácio do Planalto. O PSDB tentava voltar a ocupar a cadeira da Presidência da República e, novamente, buscou no ex-governador de São Paulo, José Serra, sua esperança de assumir o Executivo federal. Com candidata de ???terceira via???, Marina Silva (PV) disputava sua primeira eleição presidencial. Novamente, com uma semana para a decisão, Datafolha e Ibope lançaram pesquisas de intenção de voto para medir a preferência do eleitorado. Dilma Rousseff aparecia com 46% e 49%; Serra tinha 28% em ambos os institutos; Marina pontuava 14% e 13%. No dia de decidir, os brasileiros votaram e a candidata petista Dilma teve 46,91%; o tucano Serra foi o escolhido de 32,61%; e Marina obteve 19,33%. Quatro anos depois, com a possibilidade de vencer a quarta eleição presidencial consecutiva, Dilma voltou a submeter seu nome à escolha popular. Desta vez, o nome escolhido pelos tucanos foi o do ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). Marina Silva voltou à cena política e tentava quebrar a ???dobradinha??? PT-PSDB. Datafolha e Ibope marcavam, respectivamente, 40% e 38% para Dilma uma semana antes das eleições. Marina encontrava-se na segunda colocação, com fortíssima tendência de queda, com 27% e 29%. Já Aécio vinha em ascensão, com 18% e 19%. Após sete dias, Dilma teve 41,59%; Aécio, 33,55%; e Marina, 21,32%.
Eleição de 2018 Com um forte sentimento anti-PT na sociedade e com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentava problemas com a Justiça, foi preso e não pôde concorrer nas eleições. Com isso, Fernando Haddad (PT), que havia perdido ainda no primeiro turno a reeleição à Prefeitura de São Paulo dois anos antes, foi alçado ao nome de candidato do PT para a legenda voltar a comandar o país. Sete dias antes das eleições, o então deputado federal e candidato Jair Bolsonaro (PSL) encontrava-se na liderança das pesquisas do Datafolha e do Ibope, com 28% em ambas. Já Haddad vinha numa crescente e contabilizou 22% nas duas. Ciro Gomes, em sua terceira corrida presidencial, tinha 11% (tanto Datafolha quanto Ibope). No dia da definição, as urnas eletrônicas foram apuradas e mostraram que Bolsonaro foi o candidato mais votado, como as pesquisas mostraram, mas com 46,03% dos votos válidos. Haddad teve 29,28%, e Ciro, 12,47%.
Eleição de 2022 Com o cenário do parágrafo inicial e a passagem da pandemia, onde o presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a enfrentar forte rejeição devido às decisões tomadas durante a proliferação da Covid-19 e a CPI da Pandemia no Senado Federal. O ex-presidente Lula teve suas condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), recuperou seus direitos políticos, mobilizou sua base eleitoral e se uniu ao seu antigo adversário político Geraldo Alckmin, que migrou para o PSB, para entrar na disputa. Com isso, Datafolha e Ipec (antigo Ibope) contabilizam para essa eleição 47% das intenções de voto para o petista. Bolsonaro tem 33% no Datafolha e 31% no Ipec. Ambos os cenários apontam para a possibilidade ??? difícil, mas existente ??? do candidato petista consagrar-se eleito ainda no primeiro turno. Nos levantamentos anteriores, desde a redemocratização, ambos institutos não erraram as tendências, a posição dos candidatos e aproximaram-se, salvo exceções, das porcentagens referente aos eleitos.
Comentários Facebook