Foco nos indecisos e na menor abstenção

Publicado:

BERNARDO ESTILLAC E MATHEUS MURATORI

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerrou ontem sua segunda passagem por Minas no segundo turno das eleições. Depois de visitar Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, e Juiz de Fora, na Zona da Mata, na sexta-feira, o petista fez caminhada entre a região de Venda Nova, em Belo Horizonte, e Ribeirão das Neves, na região metropolitana. 
Na Grande BH, a campanha direcionou o discurso para a redução de abstenções e convencimento de eleitores que anularam o voto ou não escolheram nem Lula, nem Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno. 
A incursão foi a primeira que teve a senadora Simone Tebet (MDB) ao seu lado em atos públicos e também foi marcada por discursos da deputada federal eleita Marina Silva (Rede).     
Além de Tebet e Marina, na Grande BH, Lula foi acompanhado pelo ex-prefeito da capital e candidato apoiado pelo petista ao governo do estado Alexandre Kalil (PSD), pelo prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), pelo ex-governador Fernando Pimentel (PT), pelo senador Alexandre Silveira (PSD) e diversos deputados eleitos neste pleito, como Beatriz Cerqueira (PT), Reginaldo Lopes (PT), Macaé Evaristo (PT), Célia Xakriabá (Psol) e Andreia de Jesus (PT). 
Lula trouxe à tona a estratégia de buscar votos de indecisos, nulos e abstenções logo no início do discurso. O petista disse a apoiadores que eles devem fazer eleitores recordarem sua gestão em comparação à de Bolsonaro para conseguir mais votos em 30 de outubro.
???Eu começo minhas palavras agradecendo a cada homem e a cada mulher porque se dependesse de Ribeirão das Neves eu teria vencido no primeiro turno. Mas essa nossa passeata de hoje tem uma razão de ser e eu queria explicar pra vocês. Nós temos milhões de pessoas que não foram votar no dia 2 de outubro. Aqui em Minas Gerais, nós temos 30% dos jovens que tiraram título de eleitor e não foram votar. Temos outros milhões que não votaram por qualquer razão. Ou porque não queria, ou porque não tinha o dinheiro do ônibus ou porque não tinha sido convencido por nós. Então eu queria começar dizendo para vocês que nós temos de segunda a sábado para conversar com essa gente e explicar por que essa gente tem que votar e eles têm que derrubar esse fascista que governa nosso país???, afirmou.
A fala de Lula foi precedida por Simone Tebet, que fez sua primeira aparição em atos públicos com o ex-presidente nesta jornada por Minas. Ela também começou seu discurso com foco nas abstenções. 
???Nós, de hoje até o dia 30 de outubro, temos um compromisso e um compromisso apenas. Através das redes sociais, dos círculos dos nossos amigos, nas nossas igrejas, nas nossas casas. Levanta a mão aqui quem conhece alguém que anulou o voto. Quem conhece alguém que votou em branco. Que votou em Ciro ou em Simone. Agora é hora de falarmos para essas pessoas, Ciro está com Lula, Simone está com Lula. Quem anulou o voto tem que dar o voto no 13 pela democracia???, afirmou a senadora.
Lula fez críticas a Bolsonaro durante pronunciamento, falou sobre a política armamentista do atual presidente em comparação ao investimento em educação, e reforçou propostas de retomada de projetos em universidades públicas, escolas técnicas e programas como o Minha casa, minha vida. Tebet e Marina reforçaram as críticas a fala recente do atual presidente, quando disse ter ???pintado um clima??? com adolescentes venezuelanas que, segundo Bolsonaro, estariam se prostituindo.
Marina Silva também discursou em Ribeirão das Neves. A ex-ministra e ex-senadora reforçou o apoio a Lula ao lado de Tebet e recordou sua experiência com a alfabetização tardia e a dificuldade no acesso à educação. 
???Eu decidi que não quero ver o povo preto, o povo pobre, os nossos jovens entrando por frestas, nós queremos entrar pela porta da frente e quem ajuda a entrar pela porta da frente é Luiz Inácio Lula presidente. No dia 30, quem vai sair pela porta dos fundos é Bolsonaro.???

Governador 

A segunda passagem de Lula por Minas foi marcada também por críticas mais incisivas à aliança entre Romeu Zema (Novo) e Bolsonaro, construída no segundo turno. 
     
Ontem, ele voltou a tratar sobre o apoio declarado pelo governador reeleito menos de 48 horas após o primeiro turno, quando ele manteve a naturalidade sobre o pleito presidencial. 
???Eu acho estranho, porque eu nunca falei o nome do Zema em nenhum discurso, porque não o conheço. Eu o respeito como governador do povo mineiro, e eu faria questão de não falar mal de governador. Ele também não falava o nome do Bolsonaro, e não falava por quê? Porque tinha 48% dos votos dele que eram votos com Lula. O que é triste é que, terminadas as eleições, ele, que passou a ideia para o povo que não tinha nenhum candidato a presidente, assume o bolsonarismo. O que é uma coisa, na minha opinião, ruim, negativa. Como você pode ter dois comportamentos, sabe, em momentos, sabe, quase iguais? Porque os candidatos são os mesmos???, questionou.
A declaração foi dada em coletiva de imprensa concedida antes da passeata em Venda Nova. Na mesma entrevista, Lula voltou a falar sobre Zema quando comentou sobre o metrô de Belo Horizonte. 
Ele afirmou que a ampliação do modal depende de um trabalho conjunto de presidente e governador e citou as obras para a finalização da linha 1 do modal durante seu primeiro mandato.
???Quando eu era presidente, a gente fez a linha 1 do metrô. O metrô, para ser construído, é preciso que tenha parceria entre governo do estado e governo federal. O Aécio (Neves), a gente discutiu metrô no meu primeiro mandato, depois o Aécio disse que ia privatizar o metrô, que ia tentar fazer concessão, e é muito fácil falar em fazer concessão, mas é muito difícil???, disse o petista.
O candidato do PT voltou a prometer prioridade para a expansão do metrô de BH. ???Quando nós ganharmos as eleições, e estamos certos que vamos ganhar as eleições, eu pretendo, na primeira semana, convocar todos os governadores eleitos, independentemente do partido a que eles pertençam, para conversar as prioridades de cada estado e pedir para cada um pelo menos apresentar três projetos que são imprescindíveis para o estado. E quem sabe, então, o governador coloca o metrô como imprescindível? ?? importante???, disse.

Marina Silva é atacada em BH

Simone Tebet abriu seu pronunciamento à imprensa na manhã de ontem se solidarizando com Carmen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal, chamada de prostituta pelo pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) na véspera, e com Marina Silva, que também foi atacada na sexta-feira. A senadora e a própria Marina relataram posteriormente momentos vividos pela deputada federal eleita em um restaurante da Região Centro-Sul de Belo Horizonte na noite de sábado.
De acordo com Marina, enquanto ela e outros integrantes da comitiva de Lula jantavam, apoiadores de Bolsonaro em uma outra mesa do restaurante começaram a gritar ???mito??? e o nome do presidente e depois a xingaram diretamente com palavras como ???traidora??? e ???vagabunda???.
???Quando se trata de uma mulher, é sempre nessa questão de natureza moral, sexual. Parece que o bolsonarismo não sabe lidar com as mulheres, não sabe lidar do ponto de vista político e ético???, afirmou Marina. Ela registrou a ocorrência em uma delegacia e disse que o fez para que a atitude não se repita. Lula comentou o ataque à aliada, disse que pertence a uma ???escola??? do fascismo. ????? um canalha da pior espécie. A companheira dele tentou segurá-lo porque ela sabe que se uma filha dele soubesse o que ele estava fazendo, ele ia ficar desmoralizado???, disse o petista. (BE e MM)

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Passageiro sugere sexo oral a motorista de app: “Um boquete, queria?”

O motorista de aplicativo Marcus Vinicius Soares da Silva, de 30 anos, denunciou um caso de assédio durante uma corrida entre Praia Grande...

Idade de Virginia Fonseca choca web. Saiba quantos anos ela tem

Virginia Fonseca tem sido um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, especialmente após o término de seu casamento com Zé Felipe e...