Caindo aos pedaços: inativo, Hospital Salvador vira ponto de usuários de drogas

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Os portões arrombados do Hospital Salvador, nas ruas Caetano Moura e Eulálio de Oliveira, no bairro da Federação, já dão os primeiros sinais do abandono. Quem quer, entra. E, quando dentro, tem a certeza de que o espaço está em completo desuso, sem qualquer cuidado.

No interior do prédio, que pegou fogo no domingo (9), o cenário chega a lembrar um filme de terror. O teto cedeu, fios ficam expostos no chão, estilhaços de vidro em todo canto, portas arrancadas e dezenas de equipamentos amontoados são alguns dos detalhes que mais chamam a atenção.

A reportagem procurou médicos e mostrou imagens dos equipamentos ainda presentes lá para saber se existe algum risco de elementos radioativos. Em resposta, os profissionais consultados afirmaram que são máquinas para hemodiálise e tratamento em UTI, mas não contêm radioatividade.

O prédio está vazio desde setembro do ano passado, quando a Prefeitura de Salvador, segundo seu relato (veja boxe), devolveu ao proprietário, depois de usá-lo para leitos de UTI no combate à pandemia do novo coronavírus. E assim ficou até agosto deste ano, segundo moradores da região.

“O Hospital aí virou ponto de droga, eles entram para usar e fizeram do local a casa deles. A gente escuta muitos barulhos à noite. E não acontece de agora, tem uns três meses que começaram a fazer isso”, fala Jorge, que é morador de uma rua adjacente ao hospital e prefere não revelar seu sobrenome.

Ataques e furtos

O medo de Jorge também é de uma outra moradora, que não quis se identificar, mas faz um relato sobre o que vem acontecendo no local. Ela aponta que, mesmo com segurança na unidade durante o dia, não é possível evitar a entrada dos suspeitos.

“O pessoal da segurança fica aí das 7h às 18h, no máximo. Basta escurecer que os usuários de drogas aparecem e passam pelo portão. No fim de semana, que não tem segurança aí, eles entram em qualquer horário. Ontem mesmo foi durante a tarde, por volta das 15h”, relata a moradora. 

Para Jorge, o incêndio, que foi debelado pelo Corpo de Bombeiros e não registrou feridos deve ter sido causado pelas pessoas que invadiram o local. Procurada, a assessoria dos Bombeiros informou que as causas só serão reveladas após perícia.

“Eles ficam tentando levar tudo que pode render um dinheiro para comprar drogas. Pegam fios, móveis e até arrancam os equipamentos de ar condicionado. Na certa, puxaram algo que estourou e deu no incêndio. Como não conseguiram controlar, devem ter fugido”, opina Jorge. 

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Incêndio começou no terceiro andar do hospital (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)

Um outro morador, que também não revela o nome por medo, diz que os seguranças até já perceberam a presença dos suspeitos no local. No entanto, não podem fazer nada porque são muitos e andam com objetos cortantes.

“Os caras vêm em grupo. Ontem mesmo, eram mais de dez entrando aí. E não é de mão vazia, colam aqui com facão, faca e, mesmo o segurança não consegue impedir isso. Quem é que vai enfrentar esses caras estando desarmado?”, questiona. 

De quem é a administração?

Moradores da região afirmaram que o Hospital Salvador foi desativado em 2018. A Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) apontou que o espaço estava sem uso em 2020, quando o requereu para somar como mais um hospital no combate à pandemia de covid-19. Segundo a assessoria do Hospital Salvador, os representantes legais do local  teriam sido desapossados da empresa desde essa requisição administrativa decretada pela prefeitura, a qual teria transferido a gestão do Hospital Salvador para a Santa Casa de Misericórdia. 

A Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, em resposta, esclareceu que, em 2020, o espaço:  “Era uma unidade privada que já estava sem funcionar. No período da covid-19, foi requisitada administrativamente pela prefeitura, mas a requisição já foi encerrada há um ano”, informa por meio de assessoria. 

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Prédio imponente marcou uma época no bairro da Federação e hoje é um problema para a comunidade (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)

Os representantes legais do Hospital Salvador afirmam que a guarda do hospital ainda está com a Prefeitura Municipal, que, segundo eles, deveria zelar pela integridade física do bem. Embora os proprietários do hospital atribuam a responsabilidade pela segurança da unidade à prefeitura, a Secretaria Municipal de Saúde encaminhou um documento à reportagem que indica o encerramento do contrato da pasta com o Hospital Salvador. Este registro de revogação foi publicado no Diário Oficial do Município no dia 9 de novembro de 2021.

Lê-se no DO:

“O Secretário Municipal de Saúde, no uso de suas atribuições, torna pública a revogação de requisição administrativa do prédio situado na Rua Caetano Moura, nº 59, Federação, suas benfeitorias, equipamentos e demais pertenças de propriedade da AP Areal Participações Ltda (prédio que ostenta o nome de Hospital Salvador) […] para, a partir desta nova decisão, revogar os efeitos da requisição em sua totalidade”, traz a publicação. 

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