Moradores de Santa Bárbara dizem ter medo de instabilidade de barragem

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Por Clara Mariz
Há sete anos, a população de Santa Bárbara e das comunidades próximas à barragem CDS II da mina Córrego do Sítio, da mineradora AngloGold Ashanti está em alerta, devido aos riscos proporcionados por uma elevação do nível de risco da estrutura. Desde a última semana, o surgimento de duas trincas trouxe mais medo e desconfiança aos moradores que vivem abaixo da barragem, que comporta 10 milhões de metros cúbicos de rejeitos.
Informações divulgadas pela empresa dão conta de que a estrutura passa por obras de reforço e que uma trinca de centímetros teria surgido, o que foi classificado como “normal” durante esse processo. A cidade tem 31.873 habitantes e fica na região Central de Minas, a 108 quilômetros de Belo Horizonte.
A ressalva da população com a estrutura começou em novembro de 2015, quando a barragem de Fundão, em Mariana, a 65 km de Santa Bárbara, se rompeu, e mais de mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos atingiram o rio Gualaxo do Norte. A lama causou a morte de 19 pessoas e uma série de impactos ambientais, sociais e econômicos, atingindo 39 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo. 
O líder do Movimento de Atingidos por Mineração em Santa Bárbara, Luiz Paulo Siqueira, afirmou que o sentimento tanto na cidade quanto nas comunidades próximas é de muito medo e pânico. Ele conta que desde que a população ficou sabendo da existência das trincas, na última quinta-feira (6/10), muitas pessoas não conseguem dormir direito. �??Já ouvimos relatos de famílias que estão dormindo vestidas para, caso aconteça alguma coisa, conseguir sair correndo�?�, disse. 
Siqueira relatou que o ambiente de pânico e desconfiança foi se agravando ao longo do tempo. Isso porque, nos últimos dois anos, a sirene de aviso de alerta da barragem foi acionada, de forma acidental, quatro vezes. �??O pior acionamento foi em janeiro do ano passado, uma época que estava chovendo muito. Foram dois disparos em um só dia, um pela manhã, o outro no início da noite. Todo mundo saiu correndo, teve gente que bateu o carro. Foi uma situação muito complicada�?�, relembrou. 

Trincas 

Na manhã desta segunda-feira (10/10), as defesas civis de Santa Bárbara e Barão de Cocais e lideranças comunitárias convidados pelos órgãos foram até a barragem CDS II da Mina Córrego do Sítio para verem de perto a estabilidade da estrutura. Desde domingo (9/10), por precaução, todas as obras realizadas foram paralisadas, e o monitoramento foi intensificado. De acordo com o Núcleo de Emergência Ambiental (NEA), da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), as trincas estão sendo avaliadas de hora em hora. 
Mesmo assim, a situação do local preocupa quem vive nas quatro comunidades situadas dentro da área de auto salvamento. Uma moradora da Comunidade de Brumal, que pediu para não ser identificada, contou que a instabilidade a respeito do que pode acontecer a deixa assustada. Recentemente, ela decidiu seguir seu sonho de montar uma loja, e as obras já começaram, mas ela afirmou ser difícil pensar que um dia tudo pode ser destruído pelos rejeitos. 
�??Eu já chorei muito na semana passada. �? um sonho meu, um projeto meu. Para gente que constrói um sonho, desistir dele é muito difícil, muito triste. Eu estou com meu coração apertado porque decidi desistir, está sendo muito difícil pensar que se eu continuar construindo, pode ser que, daqui a uns anos, aconteça alguma tragédia, e eu perca todo esse investimento�?�, relatou. 
Procurada, a AngloGold Ashanti afirmou que um laudo técnico de uma empresa externa atestou que �??o fator de segurança da barragem CDS II se encontra em nível acima do recomendado, o que comprova a segurança e estabilidade da estrutura. O fator de segurança atual é de 1.82, ou seja, superior ao mínimo exigido pela legislação, que é de 1.50�?�.
Ainda segundo a empresa, o alerta de nível 1 foi estabelecido de �??forma preventiva�?�. �??A decisão segue o PAEBM �?? Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração. Neste nível, não é necessário o acionamento de sirenes ou a evacuação da zona de autossalvamento, pois não há risco iminente de rompimento. Salientamos que as autoridades competentes estão sendo envolvidas”.

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