Há quem goste e há quem chore, mas não há quem consiga deixar de inclui-la no almoço ou no jantar. Essencial para o tempero de quase todas as iguarias baianas, a cebola liderou a alta de preços na Região Metropolitana de Salvador (RMS) neste ano. Isso é o que indicam os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou inflação do item em 2022 a 68,77%.
De todos os produtos investigados pelo IPCA-15, a cebola foi o que teve a maior alta de preços na RMS em 2022. A melancia apareceu em segundo lugar (66,10%), seguida do leite longa vida (59,25%), seguro voluntário de veículo (44,52%) e batata doce (39,26%). Inclusive, inflação sobre a cebola registrada em Salvador, Camaçari, Candeias, Dias d’Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Mata de São João, Pojuca, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Simões Filho e Vera Cruz superou a inflação do item no Brasil, que aumentou 63,68% no último ano.
Nos mercados de Salvador e Lauro de Freitas, o quilo da cebola branca pode ser encontrado por até R$7,95, enquanto o quilo da cebola roxa chega a R$9,95, segundo pesquisa no Preço da Hora. Para o economista Marcelo Ferreira, a alta dos valores se deve, em primeiro lugar, a imprevistos climáticos. Ele aponta que choveu mais do que o previsto no estado e que o índice pluviométrico vem se adequando desde setembro na região de Irecê, cidade que ocupa a vigésima posição na produção de cebola na Bahia.
A nível nacional, dados mais recentes da Produção Agrícola Municipal de 2021 mostram que a Bahia é a segunda maior produtora de cebola do país, com 260.399 toneladas. Contudo, Marcelo Ferreira explica que no último ano houve uma produção elevada que reduziu muito os preços, de forma que os produtores chegaram até mesmo a sofrer prejuízos. Por esse motivo, neste ano houve uma redução das áreas destinadas ao cultivo da cebola, o que levou a produção a diminuir também.
“É a lei de oferta e demanda. Com uma produção menor, como temos agora, a tendência é de alta dos preços, pois a demanda continua a mesma. Se a produção aumentar, o preço tende a baixar, mas para que isso aconteça é preciso que seja viável produzir cebola, ou seja, a produção precisa dar lucro”, esclarece.
De acordo com dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), responsável pela administração das centrais de abastecimento (Ceasa), o preço médio de 20kg de cebola era de R$43,58 em 2021. Até novembro deste ano, essa quantidade alcançou o valor de R$75,36, o que representa um aumento de 72,92%.
A maior variação, definida em 241,38%, foi observada na comparação entre os meses de outubro do ano anterior e do ano corrente. Em outubro de 2021, era possível comprar 20 kg de cebola pelo preço médio de R$29,00, enquanto neste ano, no mesmo período, a quantidade idêntica do item teve a precificação média estabelecida no valor de R$99,00.
De janeiro a outubro de 2022, o aumento percentual da cebola foi de 62,3%, conforme dados da SDE baseados no Boletim Informativo Diário Ceasa.
Impacto nas vendas
Na feirinha localizada no setor C, no bairro de Mussurunga, o quilo da cebola é vendido por Itajaci de Jesus, 54, pelo preço de R$9,00. De acordo com o feirante, os clientes reclamam, mas compram. “O povo compra porque é um produto essencial. Faz um sacrifício para poder comprar”, afirma.
Sem problemas com a saída do item, Itajaci relata que a dor de cabeça aparece na hora de comprar a mercadoria. Segundo ele, o saco da cebola que comprava na Ceasa há três meses pelo valor de R$50,00, atualmente sai por R$140. Assim, a diferença de preço acaba por diminuir o lucro no fim do mês, uma vez que ele busca estabelecer um valor atrativo para seus produtos em função da concorrência.
Contudo, sem muita diferença nos valores da cebola entre grandes mercados e feiras, são os comerciantes que trabalham em estabelecimentos que acabam sendo beneficiados. Esse é o caso de Geraldo Barbosa, 45, administrador de um pequeno mercado. “A saída aumenta [com a alta de preços], por incrível que pareça. O pessoal que vende na rua não dá uma sacola, não tem um funcionário, então os clientes buscam uma alternativa mais atraente. Como é preço por preço, eles compram na loja”, aponta.
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(Foto: Arisson Marinho/CORREIO) |
Tomate apresenta queda de 23,14% no acumulado do ano
Outro produto essencial para o tempero dos pratos dos baianos, na Região Metropolitana de Salvador, o tomate aumentou 4,76% em outubro. No entanto, no acumulado do ano, o preço caiu 23,14%, conforme estimativa do IBGE.
Já de acordo com dados da SDE, em janeiro de 2022, o preço médio de 20kg do tomate primeira na Bahia era R$142,00. Em novembro, essa mesma quantidade está sendo vendida pelo valor médio de R$67,00, representando uma queda de 54,23% no valor que normalmente é pago pelos comerciantes. Essa variação é ainda maior quando se trata do tomate rasteiro, que está 59,56% mais barato em relação ao primeiro mês do ano.
A SDE informou que o quilo do tomate primeira é encontrado por R$3,30, enquanto o rasteiro pode ser obtido por R$2,40. Em 2021, a Bahia teve a quarta maior produção de tomate do país. Foram 261.404 toneladas produzidas, segundo a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM). Para este ano, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), o estado deve produzir 178.004 toneladas de tomate e ocupar a quinta maior produção do Brasil.
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