Conheça a Nagô, agência 100% negra que já faturou o primeiro milhão

Publicado:

A cada pesquisa, o Brasil se enxerga cada vez mais negro – embora isso não signifique mais espaço ou representatividade na mídia ou grandes corporações. De acordo com dados do IBGE de julho deste ano, 56,1% dos brasileiros se identificam como pessoas pretas ou pardas, contra 53% em 2012, e 43% se consideram brancas, contra 46,3% no levantamento anterior. Mesmo assim, essa parcela da população é retratada em apenas em 38% de peças publicitárias no país, segundo estudo da Elife e agência SA365.

Buscando mudar e diversificar esse cenário, em 2021 foi criada a Nagô, agência brasileira que lida com um banco de talentos 100% negro. Apesar de jovem, a empresa faturou seu primeiro milhão com uma proposta simples: atuar como uma ponte para conectar profissionais negros de diversas especialidades, como apresentadores, influenciadores, palestrantes e mestres de cerimônia, a eventos corporativos e campanhas publicitárias.

“Quando uma empresa coloca profissionais negros à frente dos seus eventos, não considero que seja uma oportunidade para essas pessoas. Na verdade, existe uma troca, onde os profissionais têm, sim, a probabilidade de compartilhar suas ideias naquele espaço, mas a empresa também tem o benefício de ter o ponto de vista, o conhecimento e a imagem deles”, pontua Peterson Gomes, diretor comercial da Nagô.

Gomes, que já trabalhava na área de eventos, percebeu que a lacuna da representatividade do mercado precisava ser melhor explorada e poderia se tornar financeiramente viável porque as empresas começaram a precisar mostrar diversidade em eventos e peças publicitárias. “Existia uma lacuna grande na representação de pessoas negras como autoridade em alguma especialidade ou em posição de destaque, como apresentadores e mediadores. Como nas agências comuns não existiam muitos profissionais negros, a Nagô surgiu para dar oportunidade de mercado a esses profissionais”, explica.

Além do discurso
Para muitos profissionais que fazem parte de minorias, o maior desafio é conseguir furar a bolha de eventos relacionados a temas específicos, como Dia da Mulher, Consciência Negra, Dia da Pessoa com Deficiência, e ter um calendário de eventos em que elas possam falar sobre diversos assuntos. Peterson acredita que muitas empresas ainda não têm consciência de que diversidade é algo para ser incorporado em todos os momentos, mas, para ele, o próprio mercado vai apontar isso.

“A diversidade é financeiramente positiva para as empresas, embora muitas ainda não tenham entendido isso. A empresa que começa a apostar na diversidade precisa continuar representando parte do seu quadro, seja com um apresentador, com especialistas. Mais pessoas diferentes apontam para novas possibilidades. Esse é o primeiro passo, deixar claro que a representatividade precisa estar além do discurso”, aponta.

Baseada em São Paulo, a Nagô tem colaboradores em todo o Brasil e tem como objetivo se tornar a principal agência de talentos para empresas que buscam retratar diversidade em seus eventos e projetos. “Estamos em São Paulo porque o volume de eventos aqui é maior. Mas mesmo assim temos talentos no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, fechamos eventos em Salvador. Acredito que a primeira barreira, que é a de entrar no mercado, já foi quebrada. A ideia agora é que a gente chegue num ponto onde, quando alguém pensar em trazer um profissional negro para ser a ‘cara’ de um evento, ela pense automaticamente na Nagô, seja por conta do nosso portfólio, da nossa consultoria, curadoria ou nossos talentos”.

Atriz realça importância da plateia se identificar
“Como assim uma paulista pode ter a cara de um evento na Bahia”? A resposta vem da própria Luana Campos, comunicadora, apresentadora e atriz escolhida como a mestre de cerimônias do Agenda Bahia 2022.

“Mesmo sem ser baiana, me senti em casa todas as vezes que vim a Salvador. Bastava olhar para o lado, no metrô, na rua ou no shopping, que me sentia representada e acolhida por pessoas iguais a mim. Por isso, ao mesmo tempo em que estou com um frio na barriga por causa do tamanho desse desafio, sei que vou me sentir à vontade para fazer do meu jeito”.

É nesse tom misturando identificação e informalidade que Lu Campos, como ela prefere ser chamada, tocou o Agenda Bahia. A profissional, que é um dos talentos da Nagô Agência, se mostrou entusiasmada com o formato da 13ª edição, que, pela primeira vez, será híbrido.

“Depois de dois anos de pandemia, em que a gente teve tantas restrições, ser a cara de um evento que tem como marca registrada a inovação é desafiador. Aparecer ao mesmo tempo para o público presencial e para quem acompanha on-line exige bastante. Passa muita coisa pela cabeça, até me pergunto se estou pronta, se mereço. É um marco para a minha carreira, sem dúvida”.

*O Agenda Bahia 2022 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Acelen e Unipar, parceria da Braskem e Rede+, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Fieb, Sebrae, Rede Bahia e GFM 90,1 e Apoio da Suzano, Wilson Sons, Unifacs, HELA, Socializa e Yazo.

ACESSE TODO CONTEÚDO SOBRE O AGENDA BAHIA 2022 https://www.correio24horas.com.br/agendabahia/*

Comentários Facebook

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Quem é o brasileiro que pode ser executado na Indonésia por tráfico

A Indonésia, com suas leis rigorosas contra o tráfico de drogas, se tornou cenário de uma história alarmante envolvendo um brasileiro. Yuri Bezerra...

Hasta la vista, baby: Schwarzenegger é aclamado por faria limers em SP

Radiante como um verdadeiro ícone, Arnold Schwarzenegger foi a estrela da 15ª edição da Expert XP, um dos maiores festivais de investimentos do...

PSol quer que Tarcísio pague viagem de delegados a evento antirracista

Deputadas da bancada feminista do PSol na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) estão buscando apoio do Ministério Público de São Paulo (MPSP)...