Embora Jair Bolsonaro (PL) ainda tenha conquistado, assim como em 2018, a maior parte do eleitorado do Distrito Federal no segundo turno das eleições deste ano, o PT conseguiu um aumento expressivo de votos em comparação há quatro anos. Enquanto Fernando Haddad ficou com 30% da preferência dos eleitores, há quatro anos, Lula, desta vez, chegou a 41,1%.
Nesse sentido, Lula (729.295 votos) conseguiu crescer em comparação a Haddad (463.340) por causa do aumento no número de eleitores e diminuição dos votos que não entram para a conta final.
Enquanto em 2018 foram 147.645 brancos e nulos, agora este número caiu mais da metade e ficou em 67.866. Os votos válidos subiram de 1.543.751 para 1.770.626.
Este foi o melhor resultado em termos percentuais da legenda de esquerda na capital desde o segundo turno de 2010, quando Dilma Rousseff foi eleita para o primeiro mandato. ?quela época, a candidata teve 47,19% dos votos.
Desde então, o PT acumulou derrotas no DF de 61,9% a 38,10% para Aécio Neves (PSDB) em 2014 e 69,99% a 30,01% em 2018 para Bolsonaro.
Em números totais, o atual presidente perdeu poucos votos. Enquanto que na oportunidade em que foi eleito teve 1.080.411 votos em Brasília, agora ele conseguiu 1.041.331. Redução de menos de 40 mil.
Oportunidade para voltar a crescer Para Jacy Afonso, presidente do PT no DF, os acontecimentos que se iniciaram ainda em 2014 atrapalharam a imagem do partido para as eleições posteriores. ???ramos governo aqui em Brasília e perdemos. Depois veio o golpe parlamentar contra a presidente Dilma e a prisão ilegal de Lula. Tudo isso nos prejudicou muito?, defende.
Ele diz que, a partir da derrota, a sigla procurou se reorganizar e reunir os partidos que faziam oposição tanto a Bolsonaro quanto ao governador Ibaneis Rocha (MDB). ??Agora é o momento de fortalecer esses partidos que estiveram conosco e construirmos uma relação forte?, diz.
Jacy reconhece também ter conseguido força na onda do ??antibolsonarismo?, mas espera poder fidelizar os novos eleitores. ??Queremos sair disso, irmos além e mostramos nossas propostas?, destaca.
Já Michelle Fernandez, pesquisadora do Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (IPOL/UnB) destaca que a própria figura de Lula é capaz de mobilizar mais votos. ??? uma figura que, no geral, teve mais votos em todo o país?.
Ela lembra ainda que a campanha de Leandro Grass (PV) para governador teve um grande impacto no eleitorado que perdurou no segundo turno. ??Aqui a gente teve uma candidatura real, com um desempenho significativo, que não foi para o segundo turno por um detalhe. Toda a máquina construída para a campanha do Grass continuou para o segundo turno com o próprio Grass pedindo voto para Lula? afirma.
Apesar desses movimentos de crescimento, a pesquisadora diz que ainda há muito o que o partido possa fazer para voltar a ter uma boa aceitação do eleitorado brasiliense. ??? um desafio para o PT voltar a se estabelecer no DF. A gente tem um partido que não é tão grande e consolidado aqui. O investimento em formação de quadros é importante. Ao mesmo tempo, isso é difícil, uma vez que a gente não tem uma representação institucional muito grande, com poucos deputados e nenhum senador?.
Comentários Facebook