Antonio Carlos e Jocafi já embalaram trilhas famosas de novelas, foram adaptados até para o francês e encantaram gerações – de público e de artistas. Um desses artistas, que foi e ainda é público da dupla – hoje senhores de 78 anos – é Russo Passapusso. O frontman da BaianaSystem nunca escondeu a admiração pelos dois, vinda da época em que trabalhava em lojas de discos.
A admiração virou parceria. A parceria virou disco, que já tem até continuação sendo feita. Lançado pelo natura Musical e com canções inéditas produzidas por Curumin, Zé Nigro e Lucas Martins, Alto da Maravilha será lançado segunda-feira (7) nas plataformas digitais.
Na última terça conversamos com o trio, que não escondeu a felicidade em colocar o filho no mundo. Poderia ser até antes da pandemia – mas o destino quis que fosse depois, dando mais tempo para a experiente dupla de compositores até reaprender a compor.
“Esse disco nasceu na porta da televisão, onde Russo conheceu a gente. Logo, logo, o Russo participou de um show que a gente estava fazendo no Rubi. Foi ali a primeira vez que a gente cantou junto. Veio a pandemia e adiou, fez a gente fazer muito mais música. Temos 30, 35 músicas, sobraram várias inéditas. Algumas delas foram feitas depois da pandemia. Demorou 3 anos para nascer”, recorda Antonio Carlos, sem esconder a satisfação pelo disco – o primeiro que lançam desde 1995.
A parceria entre Russo Passapusso e Antonio Carlos e Jocafi começou a gerar frutos concretos a partir de 2019, quando a dupla participou do álbum O Futuro não Demora, do BaianaSystem, como co-autores e intérpretes de Água e Salve. Depois veio o single Miçanga, em 2020.
Russo Passapusso diz que o novo disco é uma celebração aos compositores da música brasileira. O trabalho tem influência de ritmos africanos, ijexá e samba. “Um caldeirão gostoso”, como define Jocafi. Ao todo, são 12 faixas inéditas, com as participações de Djalma Corrêa e Karina Buhr, em Olhar Pidão, e de Gilberto Gil, em Mirê Mirê, lançada como single, em outubro.
Com obra marcada também pelos trabalhos visuais, Russo não mudou de caminhos desta vez. A capa é de Ricardo H Fernandes, com ilustração de Mauricio Fahd e direção de arte de Filipe Cartaxo. Um trabalho visual que lembra, e muito, aquele produzido para O Paraíso da Miragem, disco solo do vocalista. Não é por acaso. Russo acredita que tudo na vida é continuidade e diz que a música tem suas coisas premonitórias. Esse disco é a continuidade do Paraíso da Miragem, e será a continuidade do Dupla de Três – que Antonio Carlos e Jocafi já estão produzido.
“A gente está tentando pisar com Russo desde o começo. Ele é importantíssimo na volta da gente. Ele e Márcia Melchior nos colocaram para ter vontade de compor, de cantar, enfrentar as dores da velhice. Ele vem com um tipo de letra diferente, que ele acha parecido com a gente, mas não é. É mais no estilo dele e a gente está reaprendendo com ele”, conta Jocafi, emocionado.
Russo explica ainda que o disco é um caminho, dividido em dois lados: “No início, visivelmente, o disco começa com mais energia. Ele é dividido em lado A, o lado pé, a gente fazendo o caminho, e lado B, o lado mão, que são os aprendizados da vida, o caminho que nos faz. O lado pé é muito enérgico, tem riffs, grooves, vem com essa explosão. E o lado mão vem mais melódico, o cancioneiro da música brasileira é mais evidente”, diferencia.
O Alto da Maravilha já tem data para ser apresentado, ao vivo, em Salvador. E com banda completa: será no Festival Radioca, que acontece nos dia 12 e 13, no Mercado Iaô, na Ribeira. Russo promete banda completa, que já vai se mudar para um sítio no interior da Bahia e iniciar os ensaios, preparando para entregar o que querem que seja um presente. Para eles e para o público.
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