Xandão: a última trincheira da democracia, herói de guerra

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Há quem diga o contrário, mas a atuação de Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), foi fundamental na cruzada contra os excessos praticados por bolsonaristas, durante quase quatro anos.

Em 2018, o deputado federal, Eduardo Bolsonaro disse que seriam necessários apenas um soldado e um cabo para fechar o STF. Xandão, como passou a ser apelidado, demonstrou que era preciso apenas um homem de coragem, determinado e apoiado na lei para conter os arroubos de quem atentava contra a democracia. No levante, caíram, dentre outros, Sara Winter, Daniel Silveira, Abraham Weintraub, Eduardo Salles, Zé Trovão, Allan dos Santos, e cia, todos atingidos pelo rigor da lei.

Talvez, a história contada teria sido outra se os bolsonaristas não tivessem colocado um alvo no STF, como quem objetivasse implodir a instituição e todas as outras que se sobrepusessem ao chefe supremo das forças armadas, sustentado pelo mantra de que supremo é o povo.

Xandão será lembrado como quem resistiu na frente de batalha pela democracia. A conclusão do processo eleitoral de 2022, além da vitória de Lula e seus mais de 60 milhões de eleitores, tem o esforço reconhecido do advogado paulistano, de 53 anos, careca, que costuma trabalhar com uma capa preta sobre os ombros, jurista, magistrado e professor.

Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral é um civil, desarmado, que se tornou o grande guardião da Constituição de 1988.

Sem ele, a História destas eleições poderia ter sido bem diferente. Foi Xandão quem garantiu a vitória da democracia e, assim seria, independente do resultado, de tal forma, mesmo com a vitória de Bolsonaro. Agiu para conter a insatisfação de quem não aceitava outro resultado, senão a vitória bolsonarista nas urnas, como quem imaginava se eternizar no poder à força.

Ouviu do atual presidente diversos insultos e provocações. Moraes não é um magistrado pop, em busca de holofotes e polêmicas; ao contrário, é um profissional discreto, formal, que só fala o necessário nos autos dos processos, sobretudo, para chamar de criminosos, todos que atentam contra a democracia, a ordem e a lei.

É o que se pode chamar de o sujeito certo, no lugar certo, na hora certa. Um combatente que cumpriu com honra seu papel na história. Nem às forças armadas baixou a guarda ou cedeu às ameaças de colocar dúvidas sobre o processo eleitoral.

Para ser bem-sucedido na missão, Alexandre de Moraes contou com sua experiência de promotor público em São Paulo, secretário de Segurança Pública no governo de São Paulo, quando teve que enfrentar o crime organizado e, depois, ministro da Justiça do governo de Michel Temer, então nomeado para o Supremo Tribunal Federal, em 2017.

Justiça se lhe faça: general Xandão, do alto da sua toga, pode não ser o rei da simpatia, mas foi impecável e implacável na aplicação das leis. A democracia venceu. Vida que segue.

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