Intolerância e racismo religioso: Até quando, meu Deus?

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Adriano Azevedo, sobrinho de Mãe Stella de Oxóssi, repudiou neste domingo (4), o atentado contra a obra de arte composta por esculturas do orixá Oxóssi e de Mãe Stella, uma das principais ialorixás do país. A estátua, que fica na Avenida Mãe Stella de Oxossi, amanheceu em chamas após ter sido incendiada durante a madrugada.

Adriano, que também é ministro (Obá) de Xangô do Ilê Axé Opô Afonjá, enviou ao CORREIO um desabafo emocionado sobre o ataque. Leia o texto na íntegra: 

“Não consigo entender o porquê de tanto ódio?! 
Ódio por termos a cor da pele mais retinta!
Ódio porque professamos uma religião pertencente a gente preta!
Ódio por termos nascido no Nordeste!
Ódio porque gostamos e amamos pessoas do mesmo sexo!
Ódio porque somos mulheres, sobretudo pretas!

Ao acordar, a primeira mensagem que recebo neste domingo, 4 de dezembro de 2022, dia de Santa Bárbara, foi sobre um ato de intolerância e racismo religioso. Atearam fogo na estátua de minha tia, localizada na mesma avenida que leva seu nome, Mãe Stella de Oxossi.

Neste momento, acho que não é necessário falarmos quem foi Mãe Stella e a sua importância enquanto ser humano que viveu aqui na terra. Quem não a conhece dê um Google, e lá terá um pouco sobre ela. 

O momento agora é de tristeza e repulsa! Pois até quando teremos de conviver com “gente” desse tipo? Gente que não respeita gente… Gente que mata gente… Gente que tortura gente! 

Assim como diz o ditado, “gentileza gera gentileza”, parafrasearei dizendo: O ódio gera ódio! Eu já fui vítima deste câncer chamado racismo, e tudo uma hora cansa. O sentimento que tenho por essa gente é o pior possível. Desculpem-me o desabafo! Talvez essas não sejam as melhores linhas para manifestar o meu repúdio, mas eu sou ser humano, passivo de erros e sempre que escrevo, escrevo com sentimento. E toda reação é reflexo de uma ação sofrida. Então reconsiderem o sentimento que sinto neste momento, pois estou cansado de ver e sofrer tanta tortura só porque sou preto e do Candomblé!

E isso não é porque foi com minha tia. Porque todo ato de racismo sofrido por quem quer que seja, eu também sinto a dor… O preto morto pelo reflexo do racismo, eu também morro por dentro… A mulher que sofre qualquer tipo de violência, eu me solidarizo, pois tenho mãe, filha, irmã, esposa, tias, primas e amigas e não quero que mal algum recaia sobre elas… E quando “gente” deste tipo fez manifesto contra o povo Nordestino, eu também fui atingido.

Com isto repudio veementemente os autores e possíveis mandantes deste crime, que deve ser cobrado pela justiça com o mesmo vigor do ato cometido.

Enquanto isso, entrego-lhe(s) a justiça divina. E que Ogun Orixá que odeia injustiça puna o(s) envolvido(s)…”

*Por Adriano Azevedo, sobrinho de Mãe Stella de Oxossi e Ministro (Obá) de Xangô do ilê Axé Opô Afonjá.

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