Modalidade teve crescimento de 6,6% em ofertas que somaram R$ 457 bilhões, enquanto a variável apresentou retração anual de 57%
REUTERS/Amanda Perobelli
Bolsa de Valores B3, em São Paulo
O mercado de capitais brasileiro enfrentou em 2022 uma série de desafios, como juros mais altos, volatilidade do período eleitoral e questões geopolíticas de impacto. Com isso, de acordo com o relatório da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as empresas captaram R$ 544 bilhões, um recuo de 10,9% em relação a 2021. O grande destaque de 2022 foi a evolução da renda fixa, que teve crescimento de 6,6%, em ofertas que somaram R$ 457 bilhões. No entanto, a renda variável apresentou retração anual de 57%. Durante entrevista à veículos de imprensa na última terça-feira, 17, o vice-presidente da Anbima, José Eduardo Laloni, avaliou que o resultado no acumulado do ano, em um ambiente desafiador, mostra a maturidade do setor. “Eu acho que a gente termina o ano olhando para trás e vendo que, apesar de todos esses fatores desafiadores, o mercado de renda fixa se comportou bastante bem, mostrando a força e a maturidade que o mercado doméstico já alcançou”, disse.
“As bolsas no mundo inteiro sofreram, os juros subiram no mundo inteiro, uma inflação que está resistindo e resistiu fortemente às doses de aperto monetário que o mundo acabou vivendo. No Brasil não foi diferente”, comenta. O balanço também aponta que as emissões de debêntures, títulos de dívidas, espécie de empréstimo para empresas que as emitem, somaram R$ 271 bilhões. Foram 465 emissões no ano. Dessas, 98 superaram R$ 1 bilhão. O setor de energia elétrica continua sendo o mais ativo, representando quase 20% do volume total de emissões.
O vice-presidente do Fórum de Estruturação do Mercado de Capitais, Guilherme Maranhão, explica que, em um ano como 2022, fechado para cotação externa, dados como este de emissão de debêntures acima de R$ 1 bilhão, mostram o quanto esse tipo de mercado é capaz de atender a grandes empresas. “Foi um ano bastante difícil na captação externa, e a gente vai ver isso mais para frente. Então, você ter acima de bilhão e com prazo médio de 6,3, que tá nos níveis recordes em relação a prazo, é algo bastante positivo e faz com que mesmo as grandes companhias, que usualmente só acessavam o mercado externo também venham para o mercado local”, diz. Ainda durante a coletiva de imprensa, a Anbima destacou que, apesar da queda nas emissões da renda variável, que eles denominaram de “patinho feio do ano”, a maior parte das operações foi primária, quando os recursos captados entram para o caixa da empresa. A expectativa da associação agora é de que 2023 seja um ano de crescimento e maturação no mercado de capitais brasileiro.
*Com informações da repórter Soraya Lauand
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