Bahia: o que Deus uniu separa Wagner de Rui Costa (por Vitor Hugo)

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Ruídos de muitos decibéis, nos circuitos do carnaval baiano, pós pandemia Covid 19, abafou o barulho do choque político, partidário e pessoal entre o ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o senador Jaques Wagner – dois pilares de sustentação do Partido dos Trabalhadores na Bahia, ambos ex-governadores por dois mandatos seguidos –, surgido após apresentação, pelo grupo do ministro do Palácio do Planalto, da enfermeira Aline Peixoto, ex-primeira dama do estado, à cobiçada vaga vitalícia e regiamente remunerada no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

Choque pesado e inédito no PT baiano, ampliado a partir da recusa do senador Wagner, em aceitar a indicação da mulher do ex- afilhado político para o posto. Além de aventar a hipótese de Alline ser derrotada, na votação secreta na Assembleia Legislativa, pelo ex-deputado Tom Araújo, do União Brasil, que também concorre à vaga. Ainda tem jogo, bem mais duro que o humilhante 6 a 0 do Sport, de Recife, no Bahia esta semana.

O confronto começou a esquentar, e preocupar os donos do poder estadual, com o sonoro “Não”, ­­­do senador Jaques Wagner, a uma enquete, do jornal Metro 1, do grupo Metrópole, do ex-prefeito Mario Kertész, sobre se aprova ou não a indicação da ex-primeira dama para a vaga no TCM. O som da folia de Momo amenizou, para efeitos externos, o impacto da desavença, com previsíveis reflexos nacionais. Nem de longe, porém, conseguiu soterrar o conflito, como esperavam alguns. Ao contrário, a briga grassou para outros terreiros partidários.

Pela “operação abafa”– ou “panos quentes”, como alguns preferem – passaram os trios elétricos da Pipoca em seus arrastões, a força da percussão da Timbalada, de Carlinhos Brown, dos tambores do Olodum, os toques de Ijexá dos Filhos de Gandhi e a magia do “mais belo dos belos”, o bloco Ylê Ayê, que atrai e é louvado por todos: dos dois chefes petistas em choque ao prefeito Bruno Reis (UB) e seu padrinho ACM Neto, candidato derrotado para o Palácio de Ondina, que neste carnaval andou sumido mas, sabe-se, sem jogar a toalha do comando na política da capital, apontado como motivo principal desta desunião dos líderes petistas.

A vinda do presidente Lula e a esposa Janja, para um carnaval em descanso, na paradisíaca praia de Inema, área de segurança nacional da Base Naval de Aratu, era a esperança dos petistas e aliados governistas de mediação apaziguadora do choque Rui vs Wagner.

A tragédia causada pelos temporais no norte de São Paulo fez o presidente suspender seu repouso e voar para o litoral paulista (sem Janja) para providências em conjunto com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PL) e o prefeito se São Sebastião, diante da tragédia que abalou a todos no país.

Agora a briga ressurge, em maiores proporções, e tira o sono de petistas de raiz, aliados da primeira hora, amigos preferenciais e a vassalagem petista que cresce em torno da Governadoria, no CAB. A sabatina de Aline Peixoto e Tom Araújo está marcada para 6 de março na Assembleia da Bahia.

Há tempo ainda para “um arranjo”, como gosta de dizer Rui Costa. Aparentemente decidido a não mudar de opinião, quanto ao que considera “um erro político e desvio ético de Rui Costa”, Wagner diz: “o voto secreto, e este é o caso da escolha para o TCM, está sujeito a surpresas desagradáveis”, avisa o senador, líder do governo Lula no Congresso, reconhecido expert em disputas eleitorais. Precisa desenhar? Responda quem souber.

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