Precipitação não cessa e complica retorno à capital paulista; perda de automóveis e desabastecimento nos mercados são relatados por viajantes que buscam se manter enquanto condições climáticas não melhoram
BALTAZAR/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Rastro de destruição causado pelas fortes chuvas, no bairro do itatinga, região central de São Sebastião, SP
Dias após as fortes chuvas assolarem o litoral norte de São Paulo, turistas que buscam se manter nas cidades da região relatam dificuldades na compra de insumos básicos, como alimentos e água. Nesta terça-feira, 21, voltou a chover na região litorânea paulista e as equipes de buscas foram obrigadas a interromper suas ações na região. Pela tarde, houve uma forte precipitação e o fenômeno da natureza voltou a castigar cidades como São Sebastião, Ubatuba, Ilhabela, Caraguatatuba, Bertioga e Guarujá. Até o momento, o governo de São Paulo registra 46 mortes – sendo 45 em São Sebastião e uma em Ubatuba, além de outros 40 desaparecidos. Às 15h30, a Defesa Civil de São Paulo emitiu um alerta de chuva intensa se espalhando pelas cidades, com forte incidência de raios e a recomendação pela busca de abrigos.
A grande dificuldade, tanto das equipes de buscas quanto dos turistas que buscam retornar para suas cidades e sair do litoral é a continuidade das chuvas. As 19h, o perfil oficial do governo estadual paulista informou que pontos totalmente obstruídos da rodovia Rio-Santos foram parcialmente liberados para o tráfego entre São Sebastião e Ubatuba. Com isso, a subida pela serra pode ser feita pelo sistema Anchieta-Imigrantes ou pela Rodovia dos Tamoios, a depender do ponto na Rio-Santos onde o motorista se encontra. Caso o turista esteja na altura da praia do Juquehy, altura do quilômetro 176, sentido Bertioga, a rota de saída é justamente pelo sistema Anchieta-Imigrantes. Se o motorista estiver do outro lado, que foi totalmente interrompido, a saída deverá ocorrer pela Tamoios.
Aos turistas que por lá permaneceram esses dias, além do problema de locomoção, já que muitas as ruas encontram-se parcialmente ou totalmente alagadas – o que ocasionou na perda de muitos automóveis -, há o problema com o desabastecimento nos mercados. Há relatos de pouca comida nos postos de compra e de superfaturamento nos preços de itens básicos de consumo. Segundo Diógenes Jurado, diretor de uma empresa do setor automotivo e que passou o feriado prolongado em Bertioga, a chuva não deu trégua nas últimas horas. “Não para de chover. Fui ver a Rio-Santos às 16h e estava um caos. Vou voltar só na quinta. Não está chovendo com a intensidade de sábado, só que não para de chover”, relata. Sobre a falta de itens nos mercados, Diógenes foi taxativo: “Já não tem nada no mercado”.
De acordo com o executivo, é difícil chegar aos locais de compra e é possível encontrar produtos de limpeza, mas produtos como papel higiênico e comidas já desapareceram das prateleiras. “O problema maior no litoral norte é a falta de infraestrutura pública, não há hospitais e postos de saúde suficientes para atuar em uma emergência desta”, relata. Vinícius Munhoz, gerente de uma empresa de tecnologia da informação e que esteve em São Sebastião – cidade mais atingida pelas chuvas -, na praia de Boraceia, relevou à equipe de reportagem da Jovem Pan que perdeu seu carro em decorrência do clima. “Vou voltar com outro casal que veio com a gente. Tentamos pegar a estrada hoje, mas está impossível. Não anda e, com essa chuva, você não sabe o que vai acontecer”, explicou. Para tentar resolver a situação, o governo de São Paulo emitiu um informativo que busca uma solução através de uma saída pelo mar para auxiliar na saída dos turistas das cidades litorâneas.
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