O policial militar suspeito de participar do duplo homicídio de dois indígenas na BR-101, em Itabela, usou o direito de permanecer em silêncio no depoimento que prestou ao delegado Moisés Damasceno, na noite desta segunda-feira (30), na sede regional da Polícia Civil, na cidade de Eunápolis.
Com prisão temporária decretada pela Comarca de Itabela na semana passada, o soldado Laércio Maia Santos, 31 anos, lotado na 87ª CIPM, em Teixeira de Freitas, se entregou à polícia a manhã desta segunda. O nome do suspeito não foi divulgado pela polícia, mas a reportagem do site Radar obteve a informação com uma fonte.
Logo após a oitiva, o suspeito – que integra os quadros da PM baiana há sete anos e também prestava serviço de segurança privada a um fazendeiro da região -, passou por exame de corpo de delito no Departamento de Polícia Técnica e depois foi transferido para o Batalhão de Choque da Policia Militar em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.
POLÍCIA PROCURA CARRO DO PM – Ao Radar, o delegado Moisés Damasceno, que coordena as investigações, informou que o carro do policial, que teria sido usado no crime, ainda não foi localizado. Conforme as investigações, o acusado pode ter escondido o veículo Toyota SW4, cor prata, placa OLD087, quando percebeu que era alvo da operação. A polícia salienta que informações sobre o paradeiro do automóvel poderão ser repassadas para o telefone 181, que é o disque-denúncia da Secretaria da Segurança Pública da Bahia.
PM FOI HOMENAGEADO PELA CÂMARA – Ano passado, o soldado Láercio Maia foi homenageado pela Câmara Municipal de Teixeira de Freitas com uma Moção de Congratulação. A indicação foi feita pelo vereador Ubiratan Lucas Rocha Matos, o Lucas Bocão. O vereador declarou que a menção foi feita em outro contexto e que agora ele repudia a ação violenta que matou os indígenas. “Sou contra a violência e não apoio esse tipo de conduta”, afirmou Bocão.
EMBOSCADA – Os pataxó Nawir Brito de Jesus, 16 anos, e Samuel Cristiano do Amor Divino, de 26, foram alvejados, no fim da tarde de terça-feira (17), no distrito de São João do Monte, entre os municípios de Itabela e Itamaraju. As vítimas estavam em uma moto e iam comprar comida.
Logo após a prisão do policial, a mãe do pataxó Samuel, Gevanir Brás Brito do Amor Divino, de 57 anos, enviou um vídeo à redação do Radar pedindo justiça. “Não estou conseguindo dormir à noite. Quero que a morte dele não seja em vão. Acredito que o policial não agiu sozinho”, disse ela, com o filho de Samuel, de um ano e meio, no colo.
A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa do policial investigado.
CASO TEVE REPERCUSÃO – O crime repercutiu no Brasil e no exterior. No Ministério dos Povos Indígenas, em Brasília, a titular da pasta, Sônia Guajajara, atribuiu a violência ao conflito por terra e instalou um gabinete de crise para acompanhar o caso. Já o governador Jerônimo Rodrigues determinou que a Secretaria da Segurança Pública implantasse a Força Integrada (FI) de Combate a Crimes Comuns envolvendo Povos e Comunidades Tradicionais.
Fonte: Radar64
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