Entre 2017 e 2021, o então presidente dos Estados Unidos implementou uma política imigratória de tolerância zero e tais medidas ainda repercutem
Octavio Jones/Reuters – 28/02/2021
Ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
A política imigratória dos Estados Unidos é um tema que divide opiniões. Entre 2017 e 2021, o então presidente Donald Trump implementou uma política de tolerância zero e tais medidas ainda repercutem nas vidas de quase mil famílias. De acordo com o Departamento de Segurança Nacional dos EUA, 998 crianças imigrantes ainda estão separadas de seus familiares. Durante o mandato do ex-presidente, separar pais e filhos era uma maneira de desencorajar a entrada em massa de imigrantes, que chegavam especialmente pela fronteira com o México. Em entrevista à Jovem Pan News, Hannah Krispin, advogada brasileira especialista em direito familiar e imigração, e que trabalha nos EUA, explicou as consequências dessa política imigratória: “O problema sério que gerou, e que acredito que eles não pensaram antes de colocar isso em vigor, é de que muitas dessas crianças foram separadas dos pais sem terem os devidos documentos, sem terem certidão de nascimento e sem ter os nomes dos pais para que mais para frente houvesse uma maneira delas serem reunificadas com estes pais”.
Segundo o Grupo Operacional para o Reencontro Familiar, entre janeiro de 2017 e janeiro de 2021, ao menos 3.294 crianças foram separadas dos pais. Dessas, 2.926 já voltaram para suas famílias. Além de buscar outras soluções para as questões de imigração, o atual presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu uma política imigratória mais humana e criou um grupo de trabalho com a missão de unir meninos e meninas separados de seus pais. A advogada Hannah Krispin explicou como questões básicas foram esquecidas pelas autoridades estadunidenses e como isso dificulta o trabalho de união.
“Temos que levar em consideração uma série de fatores. Primeiro, muitas dessas famílias foram pegas cruzando a fronteira do país ou se entregaram para os agentes de imigração nas fronteiras e elas não tinham documentos. Não tinham passaportes, não tinham certidões de nascimento e, mesmo que os tivessem, quando as crianças foram levadas para abrigos de menores de idade esses documentos não foram com elas. Então, depois não era possível saber onde estão os pais dessas crianças e como seria possível entregá-las para esses pais”, declarou a advogada. Hoje, das 998 crianças, apenas 148 estão em processo de reunificação familiar. Democratas e republicanos ainda não chegaram a um acordo sobre uma reforma migratória, que pode trazer soluções definitivas sobre o tema.
*Com informações da repórter Camila Yunes
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