“Na hora certa, no lugar certo”: Novo presidente da Rede Bahia, Rogério Bruxellas aposta em “abertura da Globo” para atrair anunciantes

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“Um baiano em construção”. Assim se define o novo diretor-presidente da Rede Bahia, Rogério Bruxellas, que se prepara para assumir, a partir desta semana, um projeto ambicioso: fazer as mesmas coisas de um “jeito diferente” para atrair audiência e, consequentemente, mais anunciantes. E garantir que, ao fazer isso, não vai deixar de representar os baianos.

O executivo recebeu com exclusividade o BN Hall na última sexta-feira (24), em seu último dia oficial como Diretor de Negócios. Assim que entrou na sala e nos cumprimentou, fez questão de ir direto para o sistema de ar-condicionado para aumentar a temperatura do ambiente – mostrando que já se acostumou com o clima da capital baiana. Brinquei que, agora, ele vai poder escolher a temperatura que quiser em qualquer ambiente da casa. Mas ele terá desafios maiores a partir de agora.

Bruxellas assume o lugar de Paulo Cesena, que vai suceder Antônio Carlos Magalhães Jr. como presidente do Conselho de Administração do grupo. E já chega ao posto com um propósito: trazer uma visão mais mercadológica em um ambiente que começa a retomar seu fôlego após a dureza da pandemia.

 

Apesar de ter experiência com agências e consultoria, o executivo passou grande parte de sua trajetória como responsável pelos anúncios de grandes empresas de varejo, como Magazine Luiza. E foi exatamente esse olhar “do outro lado” que o fez ser chamado para a área de Negócios da companhia.

“A Rede tinha como intenção ter um profissional que já tivesse sentado do outro lado da mesa. Até para que pudesse trazer um pouco da visão, o que realmente o anunciante espera de um projeto comercial, de um veículo de comunicação, uma vez que o setor tem mudado muito nos últimos anos. Os veículos estão se aproximando cada vez mais de ter uma conexão direta com os clientes, os anunciantes. Então eu acho que essa experiência foi importante”, avaliou.

No novo posto, Bruxellas quer levar essa visão de mercado para toda a empresa, para juntos pensarem em uma forma de “fazer diferente as mesmas coisas”. “Eu acho que a televisão passou por muito tempo por uma mesmice, enquanto modelo de mídia, e por outro lado a gente tem a Globo em uma postura muito mais aberta e flexível. Hoje tem produtos que a gente oferece pro mercado que há cinco anos nem se pensava em ter”. 

 

VISÃO 360

“A Rede Bahia não é só televisão”. Essa é a máxima em que Rogério aposta ao buscar novos formatos possíveis – para, assim, fazer brilhar os olhos dos anunciantes. Tendo “nas mãos” o maior grupo de comunicação do Norte Nordeste, seu objetivo é investir em uma “visão 360” de todas as empresas que compõem a empresa quando se trata também de soluções de marketing. E isso inclui, sobretudo, a área voltada especificamente para eventos.

 

“Hoje, cada vez mais, eventos são uma plataforma de marketing, de experiência e de conteúdo. No Festival de Verão, por exemplo, a gente conseguiu fazer um programa exclusivo da Devassa, a partir da ativação do palco exclusivo que eles tinham, que transformamos em um programa só da Devassa. Você não compra isso, não está na nossa tabela de preços. Mas pela relevância, pelo conteúdo que tínhamos ali pra oferecer, a gente conseguiu transformar quase em um branded content na televisão. E quando eu falo sobre a Globo estar aberta a novos formatos, eu estou falando disso”, exemplificou, prometendo “novas plataformas, novas tecnologias, e um jeito novo de comprar rádio”.

 

 

A BAHIA QUER SE VER

Um aspecto não deve mudar, de acordo com o novo diretor-presidente: o investimento em produções genuinamente baianas. Citando o duplamente premiado “Conversa Preta”, Bruxellas apontou que a Rede Bahia é a emissora com mais conteúdos locais ou estaduais entre todas as afiliadas da Rede Globo, e que isso deve ser perpetuado até por uma demanda da própria audiência. 

“Mesmo entre as afiliadas, a gente entende que não há uma unidade de cultura. São culturas multifacetadas. A Bahia, por ser um estado muito grande, a demanda do Oeste não é a demanda de Salvador, que não é a demanda do Sul… Isso faz com a gente seja capaz de olhar a Bahia de múltiplas formas e produzir conteúdo local como uma das maiores ambições que a gente tem”, avaliou.

 

Bruxellas vê como um desafio diário a “luta para que as pessoas se vejam ali”. “Isso reflete na audiência, que reflete no nosso negócio. Nós terminamos o ano passado como a terceira maior audiência da Globo no Brasil, em Salvador. E nós fomos a única televisão que cresceu em audiência de fato em Salvador no ano passado. E como é que a gente consegue tudo isso? Aproximando o nosso conteúdo para que as pessoas se percebam nele”, completou.

 

E isso perpassa, claro, pela promessa de mais representatividade e diversidade dentro e fora das telas: “Igualdade racial, de gênero, religiosa… faz parte do nosso compromisso e faz parte do meu compromisso de continuidade com o processo de diversidade. As televisões têm que representar as suas populações, que têm que se enxergar, e a gente faz questão que isso aconteça aqui na Rede Bahia”.

 

“BAIANO NO CPF”

Na entrevista de cerca de meia hora, Rogério mostrou que já tem na ponta da língua os dados positivos da empresa, mas que claramente vê um enorme potencial de expansão no grupo – visão mais ambiciosa que já tinha levado para a antiga diretoria. Mas uma declaração após o anúncio do novo cargo me chamou a atenção. Em uma rede social, ele comentou: “tem um dia que sonho encontra com o seu objetivo. […] Confesso que demorou um pouco mais do que eu queria”.

Perguntei o que ele queria dizer com a frase, considerando que ele conseguiu chegar à presidência da Rede Bahia menos de dois anos após ser contratado pela empresa. Foi a única vez, durante toda a entrevista, em que ele hesitou antes da resposta.

 

“Faz parte dos nossos objetivos de vida onde a gente quer chegar. Só que as coisas não necessariamente acontecem como você planeja. Algumas decisões da minha carreira me levaram para caminhos talvez mais tortuosos, que deixou mais longe esse momento que chegou agora. Eu não esperava que acontecesse tão rápido. Aí é estar no lugar certo na hora certa”, admitiu.

 

“Eu sempre falo pro meu time: não adianta você querer ser se você não já é. A minha postura, desde que eu entrei aqui, foi de uma liderança maior do que eu tinha na minha cadeira. Ninguém te põe pra cima pra testar você. As pessoas só te colocam quando você já está pronto. E elas só têm essa certeza quando você já está atuando como. Eu não esperava que ia acontecer, mas eu me preparei pra esse momento há muito tempo”.

 

Mas será que ele se preparou para a cobrança por não ser baiano? Ele acredita que sim, tanto pessoal quanto profissionalmente. Afinal, se visitou o estado por diversas vezes enquanto “pessoa física”, também esteve à frente da campanha que marcou a entrada da Magazine Luiza no Nordeste.

 

“Nós fizemos 8 campanhas diferentes pra entrar no Nordeste. Por quê? Porque não existe o Nordeste. A gente fez uma campanha pra Salvador, uma pro interior da Bahia – que não tinha praia -, outra pra Recife, outra para João Pessoa… Cada uma a gente fez com um artista diferente, com uma música diferente, com um ritmo diferente e linguagens diferentes. Todas foram baseadas em pesquisas de comportamento, entendimento de valores, e o que as pessoas esperam da vida, das marcas. Então isso me dá um pouco de legitimidade, por conhecer a Bahia sob essa ótica”, relembrou. “Quando eu vim pra cá, a cidade não era estranha pra mim, assim como as ruas e os nomes dos shoppings não eram estranhos pra mim”, pontuou, frisando ainda a hospitalidade baiana.

 

Ainda assim, fez questão de conhecer este ano, a fundo, o Carnaval de Salvador, o primeiro desde que veio morar na capital formalmente. O que pra ele foi quase um rito de passagem: “Se sou um baiano em construção, agora estou na fase do acabamento”.

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