Opinião: O equilíbrio tênue do PL entre o pragmatismo e o fisiologismo

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Depois de tremular a bandeira do bolsonarismo nas eleições de 2022, o PL ainda não encontrou o ponto de equilíbrio entre o fisiologismo tradicional e o proselitismo político. Na Bahia, a situação não é diferente. Enquanto o partido mantém em seus quadros representantes legítimos da extrema direita, comporta também parlamentares que flertam com o petismo que controla a Bahia. É suco de Brasil, na representação política.

 

Desde que terminou o segundo turno do pleito do ano passado é esperado o posicionamento do PL. Formalmente, a sigla se mantém na oposição e o símbolo maior foi a tentativa de eleger Rogério Marinho para o comando do Senado. Mesmo assim, em fevereiro já era possível ver que aqueles políticos mais pragmáticos não estavam interessados em manter vínculos extremos com o bolsonarismo. O resultado disso é essa fragmentação no plano federal, mas que encontra parâmetros similares em território baiano.

 

Observemos a bancada do PL da Bahia na Câmara. Lá há espaço para Capitão Alden, que se autoproclama como representante de Jair Bolsonaro na Bahia desde 2018, ao mesmo tempo em que congrega também Jonga Bacelar, governista desde sempre, independente de quem está no poder. Sem identidade, tal qual o PSL que elegeu o então parlamentar do baixo clero Jair Bolsonaro, a sigla ainda carece de uma face (ou simulacro de uma).

 

Alden é crítico ferrenho de Luiz Inácio Lula da Silva e de qualquer tentativa de aproximar o PL do governo. Já Jonga tem articulado, junto com um grupo representativo de deputados, a votação com o governo desde que sejam concedidos espaços e emendas, tal qual fez em todos os mandatos desde que chegou a Brasília. Com tantos extremos, há quem considere que a disputa chegue a ficar equilibrada, mas é impossível não observar o Frankestein.

 

Na Assembleia Legislativa da Bahia, nada muito diferente. Há Leandro de Jesus, um bolsonarista radical que não esconde a estratégia metralhadora giratória, e também Raimundinho da JR, que é vice-líder do governo petista de Jerônimo Rodrigues e já pode ser visto em eventos públicos com aliados da esquerda. Ou seja, a vida como ela é, com suas contradições e bem distante da dualidade que pressupõe a briga de torcidas que virou a disputa eleitoral.

 

No meio desses embates, existe também a figura do ex-ministro da Cidadania, João Roma. Ex-afilhado político de ACM Neto, de quem se tornou desafeto, o presidente regional da sigla voltou as cargas a manter o distanciamento regulamentar do PL do governo petista na Bahia e tenta simular essa mesma distância do antigo grupo a que pertenceu, representado pela prefeitura de Salvador com Bruno Reis. Apesar de, em 2022, ter sido o “homem” de Bolsonaro na Bahia, aos poucos, Roma tenta diminuir essa associação construída para aquele pleito. É o retorno à posição mediana, que combina bem com o perfil dele, mas também uma sobrevivência política.

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