Polícia campeã dá sangue e mata… a fome

Publicado:

A Polícia campeã chamou a responsa, incluindo de lambuja a campanha de combate à fome, em lançamento de Gerson, agora é só matar… no peito, onde fica o coração, e estufar o barbante, dando sangue, salvando vidas.

A nova campeã da temporada 2023 vem arrecadando alimentos e programou para o dia 23 mais um, mais um mutirão de sangue no Hemoba, vencendo o pavor da finitude e o vácuo de finalidade, do berço à cova.

Do nascimento ao óbito, a compaixão produz saídas iluminadas, como esta de salvar vidas sem saber quem estamos salvando: golaço da condição humana.

Tem de doar de coração, e no anonimato, senão é vaidade; não vale a imposição por leis e dispositivos externos. Eis a tática a ser copiada.

Jogadores, treinadores, trabalhadores do fútil-ball em geral, dirigentes, empresários, cronistas, árbitros, torcidas e toda a fauna do desporto estão convidados a dar control + C nesta iniciativa das polícias.

Estamos nos enganando e como é doce nos enganar! Passamos o tempo – única moeda! – desejando o título, quem sabe o pix recorde, saindo de “15 pau em minha conta” para provisórios 800 mil, na boquinha da garrafa, só na impunidade.

Quando saboreamos uma conquista, ou a engorda no saldo bancário, ou recebemos a merreca atrasada 15 dias, a alegria passa tão rápido, quanto chega a nossa mente novo desejo.

A vida ia passando nesta gangorra até a Polícia Civil dar a ideia-xeque: vamos ajudar quem precisa, modo Get Together, mui gratos às mulheres e homens da Justa!

Vamos experimentar: federações, clubes, associações de jogadores (grande Osni!), sindicatos de árbitros, torcidas organizadas, quem sabe o Ministério Público, de mini vira Maxistério e propõe ações legais de recompensa.

Eu quero ter a satisfação de escrever, numa próxima coluna, a adesão do mundo esportivo (ora em desencanto) a este exercício de compaixão, algo duradouro, em temporalidade afetiva, o gesto de empatia é o amor que fica.

Sair campeão: ah, quanta vaidade! Ganhar prêmio besta, enquanto o colega morre à míngua: sejamos idiotas, mas nem tanto! Manter técnico burro para escalar as ruínas da Coroa, subornar juiz pobre: GANÂNCIA OU DESCUIDO!

O Vitória promoveu, há uns 10 anos, uma campanha para doação de sangue, mudando o padrão de listras horizontais, a cada jogo, uma listra vermelha a mais, e terminou recompensado, subindo de divisão.

Mas, Nêgo, devia ser permanente, quem sabe a geração do dharma (o bem volta em bem) teria evitado nosso fundo de poço. Êi, empresários sabidinhos, a sobrevoar nossas sedes, como “arubus” carniceiros, não fujam não, participem!

E as torcidas organizadas, aqui seria o filé desta campanha mobilizadora dos afetos e valores morais. Poderíamos aprender a nos colocar no lugar de quem sofre de verdade, não sofrimento artificial, devido a derrota ou gozação.

Eu quero ver Bamor e Imbatíveis juntas indo ao Hemoba ali da Vasco da Gama, os presidentes de uma e de outra, lado a lado, doando sangue, para caber na foto de mãozinha dada.

Vamos partir de algum ponto para reinventar nosso relacionamento com o desporto, pois em breve já não teremos a quem iludir com o “tradicional Bai-anãããão” ou o sofisma “Bahia City é o mundo!”.

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.

Comentários Facebook

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Investigador da Polícia Civil é suspenso por 10 dias por não se vacinar contra Covid-19 e apresentar justificativa fora do prazo

A Polícia Civil da Bahia decidiu suspender um investigador por 10 dias devido à recusa em se vacinar contra a Covid-19. A determinação,...

Policial civil é baleado em tentativa de assalto na Marginal Tietê

Na noite de sábado, um policial civil foi atingido por disparos durante uma tentativa de assalto na Marginal Tietê, zona norte de São...

PCDF investiga perfil criado para ameaçar homem que espancou mulher

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deu início a uma investigação referente a um perfil nas redes sociais que promovia um discurso...