Presidente da Abradin rechaça plano de recuperação judicial das Americanas: ‘Tentativa de calote’

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Em entrevista à Jovem Pan News, o representante dos acionistas e investidores comentou a proposta do grupo varejista que prevê um aporte de R$ 10 bilhões e venda de ativos,

GESIVAL NOGUEIRA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Americanas

Fachada das Lojas Americanas no Park Shopping, região sul de Brasília

Além de um aporte de R$ 10 bilhões e venda de ativos, o plano de recuperação judicial do Grupo Americanas enviado à Justiça do Rio de Janeiro também prevê um desconto de 50% na dívida com os credores que têm saldo acima de R$ 12 mil. Mesmo com o chamado deságio, a empresa quer pagar o restante em 48 parcelas mensais. Por outro lado, aos credores financeiros, entre eles os bancos, a Americanas propõe um desconto de 70% sobre o valor a ser ofertado em um leilão reverso que será realizado 60 dias após o aumento de capital com o aporte de R$ 10 bilhões. O plano prevê que apenas os credores que não estão processando a Americanas poderão participar desse leilão. O valor do leilão tem um teto de R$ 2,5 bilhões, com o restante podendo ser quitado por meio de outros mecanismos. O grupo varejista também diz no plano que haverá uma missão de debêntures conversíveis, opção que assegura a opção de converter seu crédito em uma quantidade de ações da companhia. Aos credores que estão em processos contra a empresa, o plano prevê que os saldos remanescentes serão reduzidos no percentual de 80% e pagos em uma única parcela no mês de março de 2043.

Em entrevista à Jovem Pan News, o presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), Aurélio Valporto, afirmou que o plano proposto será rejeitado, especialmente pelos grandes credores, e que a proposta dá a impressão de uma tentativa de calote: “O plano contempla ainda o pagamento integral de pequenos fornecedores e credores trabalhistas, buscando apoio destes para aprovação em assembleia. Para mostrar que a época de luxos e prêmios nababescos da diretoria acabou, anunciaram que vão vender seus jatos executivos. Tudo parece razoável no plano, exceto o tratamento dispensado aos credores de classe três, os quirografários. Para estes o tratamento não é só leonino, é desrespeitoso. Há a previsão de corte de 80% no valor de seus créditos. Só que é nessa categoria que estão os grandes credores, que são os bancos. Nesse ponto, o plano de recuperação judicial apresentado pela Americanas se degenera em uma vergonhosa tentativa de calote”.

Uma força-tarefa envolvendo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) foi montada para investigar as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões nos balanços do grupo varejista. Interrogatórios e oitivas já começaram a serem feitos, tanto pela PF, quanto pela CVM. Para alguns especialistas, o que se chama inconsistências pode ser na verdade uma fraude contábil. De acordo com informações obtidas pela Jovem Pan, o passivo das Americanas chegaria a R$ 50 bilhões, com um total de aproximadamente 9,6 mil credores.

*Com informações do repórter Rodrigo Viga

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