Lula condena “violação territorial” da Ucrânia durante sessão tumultuada em Lisboa

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Lisboa — Em sessão tumultuada por protestos de deputados portugueses da extrema direita, o presidente Lula condenou, nesta terça-feira (25/4), em discurso na Assembleia da República de Portugal, o que chamou de “violação territorial” da Ucrânia.

“O Brasil compreende a apreensão causada pelo retorno da guerra à Europa. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Acreditamos em uma ordem internacional fundada no respeito ao direito internacional e na preservação das soberanias nacionais”, afirmou o petista, sem mencionar a Rússia.

Lula disse, porém, ser “preciso admitir que a guerra não poderá seguir indefinidamente” e defendeu que é “preciso falar da paz”. “Para chegar a esse objetivo, é indispensável trilhar o caminho pelo diálogo e pela diplomacia”, frisou o mandatário no discurso.

O presidente brasileiro afirmou que quem acredita em soluções militares para os problemas atuais “luta contra os ventos da História”. “Nenhuma solução de qualquer conflito, nacional ou internacional, será duradoura se não for baseada no diálogo e na negociação política”, disse.

O discurso de Lula foi interrompido em alguns momentos por protestos de 12 deputados do Chega, partido de extrema direita. Os parlamentares seguravam cartazes com frases “Lugar de ladrão é na prisão” e “Chega de corrupção”, além de bandeiras da Ucrânia.

Os deputados do Chega também bateram na bancada do plenário. O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, do Partido Socialista, precisou pedir respeito em certo momento. Em resposta, deputados da esquerda e ministros de Lula aplaudiram o presidente brasileiro de pé.

Veja imagens:

Do lado de fora da Assembleia da República, manifestantes também gritaram palavras de ordem e seguravam cartazes contra o petista. O protesto nos arredores do local também foi organizado por lideranças do Chega, segundo apurou o Metrópoles.

Confira os protestos do lado de fora da Assembleia:

Ameaça à democraciaEm seu discurso, Lula afirmou ainda que a democracia no Brasil “viveu recentemente momentos de ameaça”. Segundo ele, “saudosos do autoritarismo tentaram atrasar o relógio em 50 anos e reverter as liberdades que conquistamos”.

O petista mencionou a pandemia da Covid-19. Ele afirmou que, paralelamente ao enfrentamento ao vírus, o Brasil foi atacado pelo “vírus da anti-ciência e do desprezo pela vida humana. “No Brasil, vivemos a consequência trágica de demagogos, negacionistas durante a pandemia”, disse, sem citar Jair Bolsonaro.

“Setecentos mil brasileiros morreram vítimas da Covid. Metade dessas mortes poderia ser evitada não fossem as fake news, o atraso na obtenção de vacinas e a negação da ciência feita pela extrema direita no meu país”, acrescentou o petista.

Elogios – Em sua fala de abertura, o presidente da Assembleia, deputado Augusto Santos Silva, teceu uma série de elogios a Lula. O parlamentar descreveu o mandatário brasileiro como um “estadista” e disse que as políticas do petista “contribuíram decisivamente para combater a pobreza no Brasil”.

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