Nosso espião em Ribeirão Preto mandou algumas observações, talvez nem todas pertinentes, mas publicáveis a título de avaliação pelo general Pondé, com o objetivo de afiar as garras do nosso Leão da massa.
Antes, é preciso pedir ao querido Ednaldo o empenho para proteger nosso brioso quadro de arbitragem. O Bota foi beneficiado com dois pênaltis fantasiosos, razão pela qual goza da boa condição de ter vencido três jogos.
Em um dos lances, a bola toca primeiro no antebraço do jogador do Bota, e no ricocheteio, atinge o colega do CRB. Nem precisaria de VAR. No entanto, para espanto de geral o juiz fez o quadradinho e apontou para a marca penal.
O outro penal delirante produziu a vantagem sobre o Sampaio, no entanto, em atitude de honestidade epistêmica coletiva e rara entre torcedores, os ribeirão-pretanos permanecem muito desconfiados em relação ao seu time.
Este ceticismo traduziu-se em vaias, nos minutos finais da arranjada vitória em casa sobre o CRB. Um segundo gol, espírita, nos acréscimos, evitou a vergonha de o time ir para os vestiários sob protestos da ilustrada galera.
O Vitória pode beneficiar-se desta insatisfação caso o gol do time da casa demore a sair e a troca de passes continue tímida, com erros frequentes e ausência de imaginação tanto na chegada da bola ao ataque como lá na área.
Os jogadores de saída de bola não vêm honrando o legado do doutor Sócrates, o mago do calcanhar. Deixa estes livres, sem marcação, pois marcam-se a eles mesmos, rifam a criança, erram demais e vão armar nossos contra-ataques.
Um pouco de improviso e passes por trás do quarteto defensivo deles podem ajudar nossos finalizadores: o goleiro Mateus tem envergadura e sabe posicionar-se muito bem, então vale a pena treinar chute a gol hoje e amanhã.
Como não tem quem ensine, eu vou dizer como é: antes de receber a bola, verifique numa olhadela onde está o goleiro e apenas toque de chapa, tirando a chance de defesa pois o gol tem mais de 7 metros. Não é força. É inteligência.
Usam muito a linha burra! Laterais e beques na mesma latitude, com objetivo de provocar o impedimento de algum atacante distraído, por isso temos de aguardar o momento certo para aproveitar os bons passes. Eles virão!
A estratégia superada da linha burra foi assim nomeada por João Saldanha porque favorece a jogada individual: basta passar por um e o caminho está aberto.
A capacidade de invasão da área não é a melhor qualidade do Botafogo. Zeca comanda nossa retaguarda. Mas a dificuldade deles tem efeito colateral: chutam bem de fora da área e se pegarem gosto, podem acertar alguma.
Parar lance com falta nas imediações da meia lua é esparro, todos sabemos. Eles treinam estas cobranças. Na bola aérea, não podemos deixar Osman livre pois cabeceia bem, com olho aberto e boa impulsão.
Precisamos ter a coragem de recuperar para o Vitória os valores criatividade, talento e o jogo coletivo – association -, principalmente dos homens de frente a fim de combater a praga da obediência cega até para cobrar um lateral…
Vamos arrumar nossa casinha com atenção, distribuir bem a bola sem medo de errar e, quando chegar lá na frente, embora a jogada ensaiada seja importante, vale a pena botar fé nas surpresinhas…
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.
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