O general Gustavo Henrique Dutra, ex-comandante Militar do Planalto, distorceu um documento do Ministério Público Federal (MPF) em sua defesa à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do DF (CLDF). O documento foi enviado à CPI no último dia 19, quando ele prestou depoimento aos deputados.
Chefe do Comando Militar do Planalto, Dutra era o responsável direto pela autorização do acampamento golpista em frente ao Quartel-General (QG) do Exército, em Brasília. Em sua defesa enviada aos deputados, Dutra citou uma recomendação do MPF no Distrito Federal sobre o acampamento feita em 19 de dezembro do ano passado.
As providências do MPF foram “exaustivamente perseguidas” pelo comando militar, escreveu o general, acrescentando: “Não havia, até então, ilegalidade nas manifestações”.
A recomendação do MPF, contudo, defendia ao comando “coibir manifestações que incitem a prática de violência contra candidatos eleitos, que estimulem a obstrução do exercício regular dos poderes constituídos, ou que incitem a sublevação violenta e estimulem a animosidade das Forças Armadas contra os poderes constituídos”. Isso não aconteceu e a omissão manteve em segurança os golpistas que iriam depredar as sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro, dali a alguns dias.
Todas as atitudes ilegais criticadas pelo MPF aconteciam à exaustão no acampamento golpista. Na entrada do local havia diversas faixas pedindo que o Exército desse um golpe de Estado e depusesse ministros do STF. A mensagem golpista era repetida em carros de som diariamente. Em muitas delas, havia um pedido de “socorro aos generais”.
Procurado, o general Dutra afirmou: “Cumprimos todas as recomendações. As ilegalidades foram combatidas constantemente”.
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