Ex-secretário da Fazenda de SP diz que indicação de Galípolo para o BC não garante redução dos juros

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta segunda-feira, 8, a indicação do atual secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, para uma importante diretoria do Banco Central (BC). Braço direito de Haddad, o economista irá assumir a Diretoria de Política Monetária. O nome indicado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda será endereçado ao Congresso Nacional para aprovação. Para comentar a provável entrada de Galípolo no BC, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o economista-chefe da Warren Rena e ex-secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Felipe Salto, que destacou que a indicação não deve alterar a política do BC com relação à manutenção da taxa de juros: “É sempre bom dizer, nós estamos em um momento que as placas tectônicas ainda estão se movimentando. É início ainda do governo (…) De fato tem uma taxa de juros ainda bastante elevada, há uma expectativa da área política do governo e, na verdade, de toda a sociedade de que você tenha uma redução dos juros. Mas a gente sabe que, do ponto de vista técnico, isso depende de uma conjunção de fatores”.

“Conversando com clientes e o pessoal do mercado financeiro, a gente observa que, de fato, há uma expectativa para saber como vai ser a orientação do novo diretor de Política Monetária, o que muda do ponto de vista das decisões do Conselho de Política Monetária. Mas, a meu ver, a minha aposta é de que o Gabriel Galípolo vai ter uma atuação eminentemente técnica. Foi assim nos outros cargos que ele ocupou. As pessoas não se lembram, mas o Gabriel trabalhou, por exemplo, no governo Serra, aqui em São Paulo, na área de PPPs e concessões. Fez um belíssimo trabalho. Eu acho que é possível a gente alimentar uma boa expectativa a respeito do trabalho do novo diretor de Política Monetária indicado por enquanto”, argumentou.

O ex-secretário da Fazenda de São Paulo ainda defendeu o histórico de Galípolo e ponderou que a escolha do presidente Lula também tem motivações políticas: “Eu entendo que toda indicação é política. Por exemplo, eu fui diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente e, ainda que a gente passe por uma sabatina lá no Senado, da mesma forma que o Gabriel passará ao ser indicado para esse cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central, a indicação é política. Em uma democracia é assim mesmo (…) Sim, é um processo político. É uma boa indicação, o Gabriel Galípolo é um economista muito bem formado. Eu o conheço há muito tempo (…) Conheço bem a trajetória dele e acho que é uma boa indicação. Claro, não é só a indicação que garante que o Banco Central vá por uma direção ou por outra, que vá ser técnico ou não vá. Mas eu acho que é um passo importante que foi dado”

“Eu entendo que o Galípolo vai ter uma atuação eminentemente técnica. Inclusive, é a carreira dele que está em jogo, é um cargo importante que ele vai assumir, assim como o cargo que ele ocupa atualmente de secretário-executivo, que é uma espécie de vice-ministro. Esse cargo já foi chamado no passado também se secretário-geral. Então, tem muita experiência. Ele passou pelo mercado financeiro e agora via ter uma etapa no Banco Central em que ele vai exercer um mandato como diretor de Política Monetária. De um lado, o presidente da República, que tem a prerrogativa legal de fazer a indicação, tem as suas expectativas. E nós estamos em um momento que a gente saiu de um governo de extrema direita, de direita, e veio para um governo à esquerda. Isso também precisa ser  colocado na análise, porque é claro que um político quando vai fazer esse tipo de indicação quer também faturar, no sentido político da palavra”, analisou Salto. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.

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