Morre a cantora Rita Lee, rainha do rock brasileiro

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Morreu aos 75 anos, nesta terça-feira (9), a cantora paulista Rita Lee, considerada a rainha do rock and roll no Brasil. A artista, que havia se curado de um câncer no pulmão em abril de 2022, foi internada em um hospital de São Paulo no mês passado, com um quadro considerado “extremamente delicado”.
 

Rita Lee Jones de Carvalho nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947, em uma família de descendentes de norte-americanos, que migraram do sul dos Estados Unidos para o interior paulista após a Guerra de Secessão no século XIX. A cantora também tinha descendência italiana.
 

O sucesso de Rita começou em 1966, quando ela foi convidada a integrar a banda de rock psicodélico Os Mutantes. No grupo, além de cantar, ela também tocava flauta, percussão e banjo. Logo, os garotos paulistanos faziam sucesso na televisão, com participações no programa Jovem Guarda, comandado pelo então rockeiro Roberto Carlos.
 

O vigor musical apresentado por Os Mutantes chamou a atenção em 1967 de um novo movimento que surgia no cenário nacional: a Tropicália. Pensando em chamar jovens rockeiros para acompanhá-lo na aventura de chocar o público no III Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, Gilberto Gil viu nos paulistanos o grupo perfeito para sacudir o marasmo do cancioneiro popular.
 

Na primeira apresentação que Gil fez de “Domingo no Parque” durante o Festival, ele e os Mutantes foram vaiados. A presença de guitarras elétricas no palco incomodava uma esquerda nacionalista, que via nos instrumentos uma invasão da cultura norte-americana no Brasil, sem saber que em 1949 uma dupla na Bahia já havia inventado o pau elétrico – hoje, guitarra baiana.
Mas, na segunda apresentação, a canção baseada no som de um berimbau e com a vitalidade de jovens rockeiros já havia conquistado a massa. A reação empolgada do público é visível em gravações hoje disponíveis no YouTube. Naquela oportunidade, Os Mutantes, Gil e Domingo no Parque ficaram com o segundo lugar no festival.
 

Em 1968, já dentro do movimento tropicalista, Rita Lee e Os Mutantes gravaram, junto a Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Nara Leão e Gal Costa o histórico álbum “Tropicália ou Panis et Circencis”, do qual a banda paulistana participou de faixas marcantes como a própria canção “Panis et Circencis” e o “Hino ao Senhor do Bonfim”, em uma gravação muito tocada na Bahia ainda hoje.
 

Após o rompimento do seu relacionamento com Arnaldo Baptista, Rita Lee acabou expulsa do grupo em 1972 e criou, junto à sua amiga Lúcia Turnbull, a banda Tutti-Frutti, com a qual ela teve grande sucesso. Na nova formação, a cantora lançou canções que ficaram imortalizadas em sua voz, como “Agora só Falta Você”, “Esse tal de Roque Enrow”, “Ovelha Negra” e “Jardins da Babilônia”.
 

A relação de Rita com a Tutti-Frutti, entretanto, acabou em 1978, após um desentendimento dela com o guitarrista Luís Sérgio Carlini, que ficou com a propriedade do nome da banda. Ao lado de seu novo companheiro, o multi-instrumentista Roberto de Carvalho, ela iniciou uma nova fase da carreira, formando a dupla que não se separou até os últimos dias de sua vida.
Com Carvalho, Rita lançou outros grandes sucessos de sua carreira: “Mania de Você”, “Lança Perfume”, “Saúde”, “Desculpa o Auê”, “Erva Venenosa”, “Amor e Sexo”, entre diversas músicas que ficaram imortalizadas no imaginário popular brasileiro.
 

Rita Lee decidiu encerrar sua carreira musical em janeiro de 2012, após ter reclamado da ação de policiais durante um show dela em Aracaju-SE e ter sido conduzida à delegacia por desacato à autoridade.

 

Em fevereiro do mesmo ano, ela lançou a música “Reza”, que se tornou a mais ouvida do país durante um tempo.
A cantora chegou a fazer mais alguns shows isolados após o anúncio do término da carreira, mas como exceção. Em 2016, escreveu e publicou sua autobiografia, que lhe rendeu alguns prêmios literários.

 

Em 2021, lançou a música “Change” e fez participação em “Amarelo, Azul e Branco”, do duo Anavitória.
Os últimos anos de vida de Rita Lee foram vividos ao lado do marido, Roberto de Carvalho, isolada em um sítio em São Paulo. Ela deixa o companheiro e mais três filhos.

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