São Paulo – O porteiro Erivaldo Souza Borges, de 52 anos, passou mal no último dia 7 e não teria sido atendido pela médica do condomínio de luxo onde trabalhou por mais de 30 anos, em Bertioga, no litoral norte paulista. Ele morreu oito dias depois. A denúncia é da família do homem, que registrou boletim de ocorrência. A polícia investiga se houve omissão de socorro.
Segundo registros da Polícia Civil, a médica teria cobrado R$ 400 para levá-lo até a enfermaria do local. Erivaldo estava inconsciente e havia sofrido uma convulsão.
Por causa disso, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) precisou ser acionado, chegando ao local cerca de meia hora depois.
A filha dele, Caroline Borges, de 31 anos, contou ao Metrópoles que o pai estava hospedado na casa de uma amiga quando teve um mal súbito e o socorro médico foi solicitado ao ambulatório do empreendimento de luxo. Ela disse que a mulher teria se recusado a pagar o valor cobrado pela médica e que o fato teria sido registrado no livro do próprio Condomínio Morada da Praia.
A médica que havia negado o atendimento, segundo familiares da vítima, não teria aguardado nem mesmo a chegada da ambulância, deixando o porteiro desamparado. Nesse meio tempo, ele teria tido ao menos mais uma convulsão, além de vomitar sangue. Erivaldo foi levado em seguida para o pronto-socorro do Hospital Municipal de Bertioga, onde deu entrada em coma.
“Fiquei sabendo que meu pai passou mal, somente depois de ele ser levado para um hospital. Não teria problema pagar os R$ 400. Nós temos esse dinheiro. O problema foi que a médica se negou a encaminhar ele para o hospital, em estado grave, convulsionando, por causa de R$ 400. Ele estava com a pupila dilatada e, mesmo assim, a médica falou que o estado de saúde dele não era grave e saiu de perto antes da chegada do Samu”, afirmou Caroline.
Demissão Ela explicou que o pai teria sido demitido do condomínio em abril, após um morador achar ruim que ele, em um dia de folga, tivesse recolhido um saco de latinhas vazias, descartado em frente a uma residência.
Desde então, acrescentou a filha, Erivaldo teria começado a beber em demasia. “Ele tinha problemas com álcool, mas a demissão fez com que ele deixasse até de comer, se entregando à depressão.”
Erivaldo aguardava a homologação de sua dispensa do trabalho e, em 1º de maio, teria se hospedado na casa de uma moradora do condomínio de luxo, com quem mantinha laços. Ele teria parado de beber e estava em período de abstinência.
Internação e morte Caroline afirmou que seu pai foi bem tratado no hospital municipal administrado pela prefeitura da cidade. Ele chegou à unidade, ainda segundo ela, com suspeita de ter tido um Acidente Vascular Cerebral (AVC). “Está sendo investigado ainda o que foi de fato. Ele, durante a internação, ainda teve pneumonia, infecção generalizada e choque hepático.”
No último dia 14, o porteiro foi transferido para o Hospital Santo Amaro, em Guarujá. A filha ficou ao lado dele nesse dia até por volta das 20h. Cerca de cinco horas depois, por volta da 1h10 do dia 15, o porteiro teve uma parada cardiorrespiratória. A equipe médica tentou reanimá-lo por aproximadamente 40 minutos, mas sem sucesso.
“Até agora, não devolveram nada de meu pai para a gente, somente ele morto. Queremos saber quais remédios ele tomou e porque deixaram ele na emergência, sem encaminhar para a UTI [Unidade de Tratamento Intensivo]”, acrescentou Caroline.
Nenhum posicionamento sobre a internação de Erivaldo havia sido encaminhado ao Metrópoles até a publicação desta reportagem.
A Polícia Civil de Bertioga instaurou um inquérito para apurar se houve omissão de socorro na morte do porteiro.
Erivaldo deixa seis filhos, sete netos e a esposa, com quem foi casado por mais de 30 anos. Fã de rap e conhecido entre familiares e amigos por ser festeiro e adorar reunir as pessoas, principalmente em churrascos, ele foi sepultado no último dia 16.
Condomínio Procurado nesta sexta-feira (26/5) pelo Metrópoles, o setor administrativo do Condomínio Morada da Praia solicitou, por telefone, que os questionamentos sobre o caso fossem enviados via e-mail.
Até a publicação desta matéria, nenhum posicionamento havia sido encaminhado.
A reportagem apurou que os valores dos imóveis do empreendimento de luxo variam de R$ 1,9 milhão a R$ 5 milhões.
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