De 22 a 28 de maio, os desfiles do São Paulo Fashion Week (SPFW) agitaram a moda nacional. A 55ª edição do evento englobou mais de 30 desfiles presenciais, com modelos e celebridades nas passarelas. Entre os destaques de sábado (27/5) e domingo (28/5) na maior semana de moda da América Latina, estão as marcas Maurício Duarte, Silvério, Renata Buzzo, Marina Bitu, Forca Studio, Thear, Az Marias, Santa Resistência, Weider Silveiro, Fernanda Yamamoto, Walério Araújo e Greg Joey.
Vem ver!
Maurício Duarte Primeiro estilista do Amazonas a participar do São Paulo Fashion Week, Mauricio Duarte faz parte do povo Kaixana. Na própria marca, ele celebra constantemente as próprias raízes indígenas. Nesta edição, para a estreia presencial, em 27 de maio, a marca preparou a coleção Tramas, que aborda a construção das cestarias de forma artesanal.
“Falar sobre ‘Trama’ é falar sobre aquilo que construímos, como uma teia tecida pelo coletivo que somos. Mesmo sendo de diferentes povos, que carregam os mesmos costumes e compartilham características históricas semelhantes. Estamos lutando pelo reconhecimento e visibilidade, buscando que as pessoas conheçam nossas tradições e culturas além dos meios midiáticos”, detalhou, em comunicado, o diretor criativo e fundador da etiqueta homônima.
O designer apostou na alfaiataria moderna. Algodão, juta e fibra de arumã, assim como fibra de tucum, que é maleável e semelhante a à renda, estão entre os materiais usados. Chemises, saia com corset, vestidos fluidos e cocar estão entre os destaques entre os looks.
A passarela, no Senac Lapa Faustolo, também recebeu protesto contra o projeto de lei 490/2007, conhecido como Marco Temporal. Defendida por ruralistas, a proposta legislativa dificulta a demarcação de terras indígenas no país. Recentemente, o PL teve a tramitação de urgência aprovada na Câmara.
A estreia presencial da etiqueta Maurício Duarte ficou marcada por protesto contra o marco temporal
De origem tupi-guarani, a modelo Dandara Queiroz marcou presença
O estilista Maurício Duarte celebra as próprias raízes indígenas
A coleção Tramas foi revelada
Acessórios indígenas, como o simbólico cocar, não ficaram de fora
Silvério “La Petite Mort” (A Pequena Morte, em tradução livre) se refere ao período refratário que ocorre depois de um orgasmo. Esse foi o nome escolhido para a coleção de verão 2024 da Silvério, revelada nesse sábado (27/5), no Senac Lapa Faustolo, durante o SPFW N55.
Com trilha sonora do duo Marseille, composto por Julio Torres e Sarria, ao vivo na passarela, os looks tiveram styling assinado por Larissa Henrici. O desfile englobou visuais genderless para o dia a dia e ocasiões especiais, além de moda praia.
Na lista de materiais, estão sarjas, jacquards, algodões penteados, crepes em poliamidas, jerseys de poliamidas, moletons e malhas 100% algodão. Entre os highlights, recortes e tecidos entrelaçados.
Adereços em formato de gotas e cortados em acrílicos espelhados são fruto de uma parceria exclusiva com a marca de acessórios Basfond. Já os calçados foram sandálias no estilo almofada, da Room 22, e tênis da Vert.
A Silvério integrou o lineup do SPFW N55 no dia 27
A apresentação foi no Senac Lapa Faustolo
Direção criativa de Rafael Silvério
Visuais de moda praia estão no repertório
Gotas espelhadas chamaram atenção nos looks
Renata Buzzo Branco, preto e tonalidades terrosas dão tom à coleção Carta 2 Peles, da marca homônima da estilista Renata Buzzo. Nesse sábado (27/5), no Shopping Iguatemi, a apresentação teve narração de um poema assinado pela designer, assim como um fashion film dirigido por ela.
O conceito do compilado e do show foi baseado nas manifestações que a pele humana pode ter, como rugas, pelos, estrias, nódulos e até alergias. Com inspiração nas transformações do interior do ser, que podem gerar mudanças na derme, as peças da etiqueta têm as texturas e relevos como principal evidência.
Renata Buzzo apresentou a coleção Carta 2 Peles durante o SPFW N55
O trabalho fala sobre manifestações na derme
A atriz Bruna Griphao encerrou o desfile
Marina Bitu Uma das estreantes da temporada, Marina Bitu levou a coleção Hotel Bitu para o São Paulo Fashion Week, nesse sábado (27/5). O compilado propõe uma viagem para Fortaleza de 1911, quando a capital do Ceará estava em pleno processo de desenvolvimento. Segundo a label, trata-se de uma atmosfera de otimismo e efervescência cultural estética.
“Trago comigo o gosto por criar o belo a partir de lugares que fogem do comum. Enxergo arte em tudo, mesmo em locais pautados pela escassez. Desfilar no SPFW é mergulhar na minha ancestralidade cearense, nas lembranças da minha infância. É também uma oportunidade de mostrar para as pessoas como eu, que nunca imaginaram penetrar certas bolhas, de que, sim, é possível”, celebrou a estilista em comunicado.
Nos looks, materiais como chiffon, veludo, linho e seda. Franjas, franzidos, degradês, transparência, fuxicos, miçangas em madeira e padronagens geométricas são protagonistas entre as criações.
Marina Bitu estreou no SPFW com desfile no Shopping Iguatemi, nesse sábado (27/5)
A coleção Hotel Bitu é inspirada em Fortaleza, mais especificamente durante o ano de 1911
Veludo na passarela
Franzidos para garantir textura
Forca Studio Sob o lema “Vista-se para a rebelião”, a marca Forca Studio complementa a lista de etiquetas estreantes na programação do SPFW. Construindo a sua história, a label orquestrou um desfile em galpão abandonado, sob a luz do pôr do sol do sábado (27/5). Por lá, modelos percorreram os quatro cantos da locação com roupas que imprimiram uma dose de rebeldia.
Nomeada Forca 003, a coleção é confeccionada em tecidos foscos com uma cartela de cores guiada por tons escuros e terrosos. As texturas não ficam de fora e são encorpadas pela borracha. De acordo com a marca, a matéria-prima é produzida no Amazonas, de uma forma sustentável.
As luvas arremataram os visuais apresentados
Estampas centralizadas foram assinadas pela artista Sophia Viesi
O couro também é outro ponto alto da rebelião da Forca Studio
Thear A marca goiana Thear se inspirou na poetisa e contista Ana Lins dos Guimarães Peixoto, mais conhecida como Cora Coralina. A ideia foi uma coleção em ritmo de prosa, com as várias versões de uma mulher.
Batizado de Todas as Coras, o compilado de 30 looks traz o toque do algodão. “O slow está presente na coleção que traz o devagar do tempo, assim como o tempo necessário para cristalizar o doce”, contou o estilista Theo Alexandre em comunicado.
A Thear entregou uma coleção conceitual com apresentação no Komplexo Tempo
A ex-BBB Sarah Aline compôs o casting
A influencer Izaura Demari, conhecida como Vó Izaura, também marcou presença
AZ Marias A marca capitaneada por Cintia Félix, Az Marias, usou a passarela do evento, nesse sábado (28/5), no Komplexo Tempo, para também fazer uma crítica social. Desta vez, a estilista foca na água. Segundo a empresária, o elemento natural é cada vez mais negligenciado pelo mundo.
Logo, saquinhos de água e um respirador, que cobriu a face de uma modelo, endossaram a manifestação da marca. Já os acessórios foram feitos a partir de garrafas retiradas dos oceanos.
Vale destacar que a etiqueta também se posiciona com negócios de impacto socioambiental. Oferece treinamento gratuito, em formato de oficinas, para costureiras trabalharem com resíduos têxteis.
As criticas sociais estão atreladas ao DNA da marca Az Marias
No compilado, tecidos metalizados contrapõem a fluidez de materiais com transparência
A religiosidade também é base na inspiração da coleção, com direito a orixás. Fruto da pesquisa da marca, as Yabás, mães do candomblé, são ligadas às águas sagradas e fonte da vida Nanã, Oxum e Iemanjá
Santa Resistência Com bossa, nesse sábado (27/5), a etiqueta Santa Resistência transformou a passarela em um verdadeiro show, guiado pelo romance espanhol Maria Mariá e ritmado pelo flamenco. Levando o protagonismo das mulheres para a coleção, a estilista Mônica Sampaio deu forma a uma coleção marcante e sensual.
A diretora criativa une as mulheres brasileiras em uma coleção pontuada por maxiflores e plumas. A cartela de cores é marcada pelo preto e o vermelho, com inspiração na Espanha.
Apresentada no Komplexo Tempo, a coleção é intitulada Maria Mariá: Uma Mulher em Movimento
O tema também representa as bravas Marias brasileiras, já que o nome é popular no Brasil
A essência espanhola é marcada pelas cores e elementos como as flores, que adornaram colo e topo da cabeça das modelos
Weider Silveiro O clássico minimalismo e o urbanismo da etiqueta Weider Silveiro ganha trabalhos manuais para o SPFW N55. Em um resgate afetivo, a marca adicionou técnicas como fuxico e tapeçaria em malha para as peças do compilado.
Os recursos artesanais fazem com que o estilista piauiense relembre a própria infância. “Estou num momento de resgate das minhas origens, o que ressignificou o meu olhar sobre o artesanato popular”, contou Weider, em comunicado.
Drapeados e tecidos felpudos complementam as texturas dos artesanatos manuais, que ganham protagonismo na coleção. Sob cartela de cores enxuta, o verde claro ascende o compilado de peças despojadas.
Franjas também deram movimento à coleção revelada nesse sábado (27/5)
A malha adiciona silhuetas amplas ao mix de produtos
As gladiadoras são revisitadas pela marca
Fernanda Yamamoto Nesse domingo (28/5), Fernanda Yamamoto abriu o último dia de cronograma do SPFW N55. A proposta da coleção é mostrar que a marca tem público com diferentes perfis, idades, profissões, gostos e corpos variados. No Edifício Virgínia, a trilha ao vivo foi entoada pela Funmilayo Afrobeat Orquestra.
Com styling de Yumi Kurita, os looks elaborados carregam plissados, bordados em pedrarias ou tecido, capitonê, costuras para fora, feltragem e tear manual, detalhes feitos a partir de técnicas artesanais. Tricô e patchwork também estão no repertório, além de volumes, sobreposições e assimetrias.
Para o resultado final, Fernanda Yamamoto firmou parcerias especiais com designers e artistas plásticos. Entre eles, Renato Imbroisi, Juliana Gevaerd, Isa Berenice Elisabetsky, Clarisse Romeiro e Lidia Lisbô. Para incrementar os visuais com acessórios, Carlos Penna criou joias para a coleção a partir dos plissados, enquanto a Moon Eyewear personalizou óculos com lentes coloridas de acordo com a paleta de cores dos tecidos.
No SPFW, Fernanda Yamamoto desfilou nesse domingo (28/5)
Assimetria nos detalhes
Alfaiataria descontraída
Volume e sobreposição
Transparência com delicadeza em leves plissados
Walério Araújo A participação da marca homônima de Walério Araújo no SPFW N55 levou uma explosão de cores para a catwalk do evento, nesse domingo (28/5). Com toda ousadia e brilho das criações do estilista pernambucano, o desfile, realizado no Komplexo Tempo, fez um tributo à Elke Maravilha. A saudosa amiga, que morreu em 2016, influenciou diretamente a carreira do designer.
Para homenageá-la, Walério começou pela cartela de cores multicolorida, com tons vibrantes da bandeira LGBTQIA+. Cada look apresentado fez alusão a fases na vida de Elke Maravilha, como o momento em que marcou o júri de calouros no programa Chacrinha. Para o período, o trio de vermelho, laranja e amarelo iluminou a passarela.
Outro bloco de tons pastel, que transitaram do off-white ao marfim, simbolizou o desfile em que Elke riscou as passarelas de Zuzu Angel. Inclusive, a pomba branca foi resgatada no styling de Walério.
“Criei roupas atuais e modernas, tendo a certeza de que a minha amiga [Elke Maravilha] usaria todas elas hoje, se ainda estivesse aqui”, assegurou Walério Araújo em comunicado Visuais extravagantes contam a história de Walério com Elke
Tecidos nobres como seda e musseline são combinados com o brilho do cetim e o tafetá
Greg Joey Apresentada nesse domingo (28/5), no Komplexo Tempo, a coleção Drowning Marks, da Greg Joey, foi inspirada no filme Drowning by Numbers (Afogando em Números), dirigido por Peter Greenaway e lançado em 1988. A trama é protagonizada por três mulheres casadas: avó, filha e sobrinha. Ao longo do enredo, cada uma afoga sucessivamente o próprio marido.
O estilista Lucas Danuello, que foca em moda agênero, quis levar drama e melancolia, mas também beleza e otimismo, para a passarela do SPFW N55. A ideia principal foi retratar a dualidade da vida, em meio a dores e alegrias, perdas e conquistas.
“A coleção conta uma história em que tudo na vida é um jogo, e viver ou morrer, ser bem sucedido ou fracassado são as regras e também as consequências do jogo. Tudo isso dentro de um enredo no qual os números estão presentes em todos os lugares, lembrando a ideia de que viver é competir para acumular pontos para sobreviver e se validar, para ser melhor ou pior, vencedor ou perdedor, ser ou não merecedor de um lugar no mundo”, destacou Joey em comunicado.
A alfaiataria, mais especificamente a camisaria, é a estrela do trabalho, assim como vestidos com modelagens fluidas. Nos visuais, seda e linho, em uma cartela de cores com verde, azul, rosa, lilás e branco. Nos pés, os modelos usaram sandálias da Havaianas, sempre na mesma paleta das roupas.
Greg Joey integrou o calendário do SPFW N55 nesse domingo (28/5)
A coleção Drowning Marks foi inspirada no filme Drowning by Numbers
Modelagens amplas e alfaiataria protagonizam o compilado
Nos pés, Havaianas
SPFW N55 Sob o tema Origens/Ressignificar, o São Paulo Fashion Week N55 teve apresentações nos espaços fixos Komplexo Tempo, Shopping Iguatemi e Senac Lapa Faustolo. Algumas marcas optaram por cenários à parte, como o Edifício Copan, com o Projeto Ponto Firme, além do Theatro Municipal, escolhido por João Pimenta, e a Ocupação 9 de Julho, que sediou a apresentação da etiqueta Isaac Silva.
Ao longo da programação da semana de moda, labels como Apartamento 03, Ponto Firme Dendezeiro, Igor Dadona, Patricia Viera, Meninos Rei, Martins, LED, The Paradise e David Lee também deram o que falar. O encerramento da edição foi o desfile da grife Lino Villaventura, nesse domingo (28/5).
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