Câncer de intestino: atenção e prevenção

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O câncer colorretal (CCR) é um tumor que, apesar de frequente, ainda parece desconhecido para a maioria das pessoas. Diferente do Outubro Rosa ou Novembro Azul, cujas cores já estão no imaginário popular no que se refere à prevenção dos cânceres de mama e próstata, o Março Azul, mês dedicado à prevenção do CCR não desperta tanto a nossa atenção. Isso preocupa muito a comunidade médica, uma vez que o câncer de intestino representa, não considerado os tumores de pele não-melanóticos, o segundo tumor mais frequente dentre aqueles que nos afligem. 

Além disso, o diagnóstico tardio está relacionado a tratamentos demorados e associados a uma morbidade elevada. Por sua vez, a sua detecção precoce, isto é, a sua descoberta em estágios iniciais da doença e a retirada das lesões pré-malignas (pólipos intestinais) são responsáveis por altas taxas de cura e, consequentemente, pela diminuição considerável da mortalidade. 

Diferente dos cânceres de mama e próstata, cujo o rastreio diagnostica geralmente lesões já cancerosas, o rastreio do CCR, por meio de colonoscopia, pode, além de diagnosticar tumores na fase inicial, identificar os pólipos, que são lesões na mucosa intestinal que ainda não viraram câncer.

É muito importante sabermos que o câncer  de intestino está associado ao aparecimento inicial desses pólipos na parede intestinal. Embora nem todo pólipo vire câncer, o risco de transformação maligna torna necessário  a sua retirada quando descoberto por meio  do exame de colonoscopia. Dessa forma, a pesquisa de pólipos está relacionada à diminuição da mortalidade por esse tipo de câncer.

Atualmente as sociedades médicas vêm recomendando o rastreio a partir dos 45 anos de idade para as pessoas sem sintomas e sem história familiar de CCR. A chance de desenvolver CCR aumenta acentuadamente após os 50 anos de idade, com 90% dos novos casos e 94% das mortes associadas ao CCR ocorrendo naqueles indivíduos dessa faixa etária.

Os sintomas sugestivos são os que chamamos de “sinais de alarme”: dor abdominal, perda de peso inexplicável, sangue nas fezes, fezes com diminuição do calibre e massa palpável no abdome. Alimentação pobre em fibras e rica em carnes vermelhas e processadas, obesidade, fumo, consumo moderado à alto de álcool e sedentarismo estão associados ao risco aumentado de desenvolver o CCR. 

Portanto, manter bons hábitos alimentares e atividade física regular contribuem para prevenção deste tipo de câncer. Importante salientar que a prevenção, com a realização de exames de rastreamento, como colonoscopia ou pesquisa de sangue oculto nas fezes, são indispensáveis para a detecção precoce desse tipo de tumor. 

Apesar da falta de estudos mais recentes, o volume de casos é também uma preocupação na Bahia. Segundo uma publicação de 2014, o estado registrou um aumento da mortalidade causada pelo CCR no período entre 1980 a 2012. Dessa forma, é fundamental fazer a prevenção para o câncer de intestino, pois a doença é tratável na maioria dos casos, especialmente quando detectado precocemente, isto é, quando ainda não se espalhou para outros órgãos.

Glícia Abreu, coloproctologista do Serviço Estadual de Oncologia (Cican)

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