Boicote, protestos e acusação de abuso: bastidores das seleções fervem antes da Copa do Mundo feminina

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A Copa do Mundo é o maior evento futebolístico do mundo e o ponto alto da carreira de jogadores e jogadoras, mas nem sempre a participação em um Mundial tem só boas experiências. Antes da abertura da Copa feminina na Austrália e Nova Zelândia, algumas seleções têm enfrentado problemas nos bastidores. O primeiro deles talvez seja o boicote de jogadoras importantes na Espanha. Patri Guijarro, Leila Ouahabi, Lucía García, Mapi León, Laia Aleixandri, Cláudia Pina e Sandra Paños decidiram não defender a ‘Roja’ no Mundial em protesto contra o descaso da Federação pela modalidade e contra o comportamento do treinador Jorge Vilda. As jogadoras alegam que o técnico tem conduta imprópria que afeta a saúde mental delas e que a RFEF não mantém uma estrutura apropriada para o futebol de mulheres no país. O protesto inicial de 15 jogadoras terminou com apenas sete de fora, mas o elenco tem mostrado insatisfação com Vilda em vídeos publicados nas redes sociais. Estrelas como Alexia Putellas, a melhor jogadora do mundo, apareceram ignorando o treinador ou não o aplaudiram no dia da convocação oficial para a Copa. Com um elenco promissor, o desempenho da Espanha no Mundial é uma incógnita devido ao mal-estar.

Outras duas seleções que também reclamaram de suas federações foram Canadá e França. A Federação Canadense passa por um momento financeiro delicado e cortou o repasse de dinheiro para as seleções masculina e feminina no início do ano. As campeãs olímpicas já estão na Austrália e a capitã Christine Sinclair informou que as atletas estão em negociações trabalhistas para a disputa do Mundial. No elenco francês, o protesto das jogadoras foi contra a treinadora Corinne Diacre por problemas de relacionamento. A capitã Wendie Renard e outras duas atletas chegaram a anunciar a saída da seleção, mas a Federação demitiu Diacre e contratou Herve Renard, o que resultou no retorno das atletas para o elenco do Mundial. As seleções africanas também têm problemas graves. Atual campeã da Copa Africana de Nações, a seleção da África do Sul vai disputar sua segunda Copa do Mundo em cenário conturbado. A equipe se recusou a entrar em campo em um amistoso contra Botsuana no último dia 2 por protesto pela falta de pagamento. A Fifa disponibilizou 30 mil dólares (R$ 147 mil, na cotação atual) para cada jogadora convocada, mas o presidente da SAFA (Associação de Futebol da África do Sul), Danny Jordaan, se recusa a repassar os valores às atletas.

De acordo com reportagens do ‘Daily Maverick’, Jordaan está sendo investigado por corrupção e apropriação indevida de fundos. A associação de jogadores está tentando negociar com a SAFA o pagamento das ‘Banyana Banyana’, mas há receio de que elas não entrem em campo contra a Suécia no dia 23 de julho, na estreia do país na Copa. O último caso a vir à tona antes do Mundial foi a acusação da equipe de Zâmbia contra o técnico Bruce Mwape. Segundo o jornal inglês ‘The Guardian’, o treinador é acusado de “conduta sexual imprópria” por coagir atletas a ter relações sexuais com ele para garantir vaga no time. As acusações foram encaminhadas para a Fifa pela Associação de Futebol da Zâmbia (FAZ), que lidera as investigações desde setembro de 2022. No entanto, uma jogadora falou anonimamente ao jornal e destacou que os bons resultados recentes da equipe têm feito a FAZ “fechar os olhos” para o caso. A Fifa não quis comentar, mas confirmou que existe uma investigação.

Copa do Mundo de 2019 também teve boicote e protesto

Antes do Mundial de 2019, a melhor jogadora do mundo na época, a norueguesa Ada Hegerberg, anunciou que não defenderia sua seleção em protesto pela equidade salarial e melhores condições de trabalho na equipe. Ela ficou de fora de 2017 a 2022, quando aceitou retornar com garantias da Federação que, inclusive, elegeu Lise Klaveness como a primeira mulher presidente em 120 anos. Ada estará na Austrália e Nova Zelândia com o time treinado por Hege Riise. Outra jogadora que usou sua voz para pedir por equidade foi Megan Rapinoe, campeã mundial com os EUA na ocasião. A meio-campista fez discursos potentes para que a federação norte-americana igualasse os valores pagos para homens e mulheres. A pressão valeu a pena e a US Soccer anunciou igualdade salarial no ano passado.

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