SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Israel e Líbano voltaram a se enfrentar nesta quinta (6), trocando ataques na disputada região das colinas de Golã. Os confrontos acontecem em meio a uma escalada das tensões árabe-israelenses, causada por uma incursão do Exército de Israel a um campo palestino na Cisjordânia ocupada no início desta semana.
O conflito desta quinta começou quando um foguete lançado do sul do Líbano atingiu o vilarejo de Ghajar, aos pés das colinas de Golã -território originalmente sírio cuja anexação por Israel não é reconhecida pela comunidade internacional. As Forças Armadas israelenses então contra-atacaram -segundo a agência de notícias oficial libanesa, cerca de 15 projéteis de 155 mm atingiram o local de origem da ação.
Israel e Líbano estão tecnicamente em guerra há anos. Embora ela não seja contínua -as duas nações inclusive assinaram um acordo demarcando fronteiras marítimas no ano passado–, as ofensivas desta quinta-feira acontecem três meses depois do pior confronto entre as partes em anos.
Ninguém reivindicou o lançamento do foguete. Antes da investida, porém, o grupo islâmico xiita Hizbollah divulgou uma nota acusando Israel de cercar Ghajar com “arame farpado” e de erguer um “muro de concreto” no local -Israel ocupa o sul do vilarejo, e o Líbado, o norte. Agora, com as construções, afirmou a facção, descrita pelos EUA como terrorista, o sul foi separado “de seu entorno natural e histórico”.
A chancelaria libanesa também exprimiu preocupação com as ações israelenses em Ghajar, e a Força Provisória da ONU no Líbano, apontada para garantir a manutenção da paz com Israel, urgiu os países a “exercerem moderação e evitarem ações que possam provocar uma nova escalada”. Israel não respondeu.
Enquanto isso, israelenses e palestinos continuam a se enfrentar na Cisjordânia ocupada. Nesta quinta, um militante palestino disparou contra tropas israelenses ao ser parado perto do campo de Kdumim. Um dos soldados morreu, e o militante chegou a fugir antes de ser localizado pelos israelenses e morto.
A responsabilidade pelo ataque foi reivindicada pelo Hamas -a facção radical islâmica também havia assumido a responsabilidade por um ataque terrorista em Tel Aviv na terça (4). “Esta operação heroica é uma reação ágil à ofensiva da ocupação contra o nosso povo”, declarou o braço armado do grupo.
A incursão israelense ao campo de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, no início da semana, provocou a morte de 12 palestinos e um israelense. A maior operação de Israel na região em quase 20 anos, com a mobilização de 1.000 a 2.000 soldados e uso de drones, reflete a crescente violência no local nos últimos meses, em parte um reflexo da base ultranacionalista do governo do premiê Binyamin Netanyahu.
Também nesta quinta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a dizer que a “escalada não é a resposta”. Ele acrescentou que, embora considere legítimas as preocupações israelenses com a própria segurança, o uso de ataques aéreos como os vistos nos últimos dias não condiz com a lei.
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