Contra a corrupção e rival de Rafael Correa: Quem era Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador assassinado

Publicado:


000 33qw9ea

Em quinto lugar nas pesquisas de intenção de voto na disputa presidencial no Equador, Fernando Villavicencio, assassinado nesta quarta-feira, 9, fez carreira como jornalista investigativo e sindicalista. Ele já havia denunciado ameaças durante a campanha e foi morto a tiros após um encontro político na capital Quito. Villavicencio foi líder de trabalhadores da empresa estatal Petroecuador, fez denúncias sobre corrupção na petrolífera e contra o governo de Rafael Correa. Depois de acusar o então presidente de crimes contra a humanidade, foi condenado a 18 meses de prisão por supostas injúrias. Ele alegava ser perseguido pelo mandatário. Para evitar a prisão, se escondeu na selva amazônica. Em 2016, um juiz voltou a ordenar sua prisão por usar e-mails hackeados em uma investigação sobre corrupção, o que fez com que se refugiasse no Peru até 2017. Na ocasião, o sucessor de Correa, Lenín Moreno, permitiu seu retorno ao país. Correa foi condenado a oito anos de prisão por causa das investigações de Villavicencio e, atualmente, vive na Bélgica.

A última denúncia apresentada por Villavicencio envolve o ex-vice-presidente Jorge Glas, ex-ministro do governo de Correa, e a Petroecuador, por supostos contratos ilegais na concessão de 21 poços de petróleo a empresas estrangeiras. Atualmente, Villavicencio era deputado na Assembleia Nacional e chegou a presidir a Comissão de Supervisão da Assembleia entre 2021 e 2023. Em seu mandato, teve confrontos tanto com grupos da oposição quanto com o governo. Sua chapa com a ambientalista Andrea González foi anunciada em maio pelo partido Movimento Construye, tendo como principal bandeira o combate à corrupção. “É hora dos corajosos”, dizia o slogan da campanha. Dentre suas propostas, estava a aplicação do Plano Nacional Antiterrorista, que identificaria estruturas que operam ilegalmente no país (narcotráfico, mineração ilegal, etc), e a construção de uma prisão de segurança máxima. Além disso, o plano de governo sugeria a militarização dos portos e criação de uma unidade antimáfia com apoio estrangeiro para perseguir organizações criminosas.

O Equador se preparava para eleger novo presidente, vice e os 137 parlamentares que iriam compor a Assembleia Nacional. A eleição segue marcada para o dia 20 de agosto, apesar do estado de exceção decretado após o atentado contra Villavicencio. Em maio, o presidente Guillermo Lasso dissolveu a Assembleia para encerrar uma “crise política grave e comoção interna”. Na época, a Casa realizava o julgamento do processo de impeachment para destitui-lo do poder. Nas últimas pesquisas, Luisa Gonzáles, apoiada por Correa, aparece na liderança das pesquisas de intenção de voto, com 29,2%, seguida por Yaku Pérez, que soma 14,4%. Otto Sonnerholzner tem 12,3% seguido por Jan Topic, 9,6%, e por Villavicencio, com 7,5%. Brancos e nulos somam 16,9%, enquanto outros candidatos, somados, têm 10,1% das intenções.

*Com informações da AFP

Comentários Facebook

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Evo Morales afirma que não apoia nenhum candidato presidencial nas eleições da Bolívia

No cenário eleitoral da Bolívia, o ex-presidente Evo Morales se posiciona como um observador imparcial, assegurando que não apoia nenhum candidato nas eleições...

Chuvas de monções no Paquistão deixam mais de 350 mortos em 48 horas

Uma devastadora onda de chuvas de monções no Paquistão resultou na tragédia de mais de 350 vidas perdidas em apenas 48 horas. Aprovíncia...

Bolívia vai às urnas com direita favorita e 23% dos votos indefinidos

Neste domingo, a Bolívia enfrenta um momento decisivo em sua trajetória política. O país vai às urnas com a possibilidade de romper um...