O depoimento de um servidor da PF que trabalhava no Planalto e presenciou a invasão do 8 de Janeiro desmente a conclusão de um inquérito militar que isentou as tropas de responsabilidade nos atos golpistas. O servidor narrou diversos momentos em que soldados do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), do Exército, confraternizaram com os invasores e agiram pacificamente.
O depoimento foi dado à PF em 11 de janeiro, três dias após o Planalto ser depredado. O funcionário trabalhava na Secretaria Extraordinária de Segurança Presidencial, que foi desfeita após a função ser delegada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI). No último domingo (30), a coluna mostrou que o servidor foi devolvido à PF. As informações foram reveladas pelo Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias.
Nesta segunda-feira (31), um inquérito policial militar aberto pelo Exército para investigar militares encarregados da segurança do Planalto apontou “indícios de responsabilidade” do GSI.
“Os militares estavam com equipamento antidistúrbio civil, mas não empregavam qualquer ação em face dos invasores. Alguns manifestantes estavam sentados em cadeiras, outros entravam e saíam do local [Planalto] tranquilamente, enquanto a tropa do BGP assistia a tudo pacificamente. Os manifestantes entravam e saíam do palácio, subiam e desciam os andares livremente”, afirmou o funcionário.
“A segurança do Planalto estava desmobilizada naquele dia, não havendo comando ou preparo dos militares no local. Os militares com os escudos apenas ficavam parados e outros militares, fardados ou com coletes do GSI, circulavam pelo local, conversavam com os manifestantes”, acrescentou.
Em outro trecho, o funcionário afirmou à Polícia Federal que ele mesmo ficou indignado com a passividade dos militares do Exército e passou a gritar para que os soldados tomassem alguma atitude contra os extremistas. Foi ignorado.
Esse relato é reforçado por diversos vídeos da invasão do Planalto. Em um deles, como mostrou a coluna, um comandante da Polícia Militar do DF deu 10 ordens em 40 segundos aos soldados do Exército. “Comanda a tua tropa, porra!”, berrou para o chefe do batalhão militar, que permaneceu apático.
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