
Alexei Navalny, dirigente da oposição russa, foi condenado a 19 anos de prisão sob a acusação de “extremismo†que se somam a outros nove por “peculatoâ€, em um veredito denunciado pela ONU, que exigiu sua “libertação imediataâ€. A sentença foi dada esta sexta-feira, 4. A Promotoria alegou que Navalny criou uma organização que minava a segurança pública mediante “atividades extremistasâ€. “Alexei Navalny foi condenado a 19 anos em uma colônia penal de segurança máximaâ€, disse o porta-voz do dissidente, Kira Yarmych, na rede Twitter, agora chamada de X. Segundo um jornalista que acompanhou o julgamento de uma sala de imprensa na penitenciária IK-6 na localidade de Melejovo (a 250 km de Moscou), onde Navalny se encontra preso, a 250 km ao leste do Moscou, Navalny sorriu ao ouvir a sentença e abraçou outro acusado antes que a transmissão fosse cortada.
O opositor russo tem muitos seguidores nas redes sociais, onde publicou vÃdeos sobre supostos casos de corrupção na elite russa e conseguiu mobilizar protestos antigovernamentais. Pouco depois de ouvir a sentença, em uma mensagem publicada no Facebook, o réu convocou seus compatriotas a “resistirâ€, sem se deixar intimidar pela repressão. “Um bando de traidores, ladrões e canalhas os obrigou a entregar a Rússia sem lutar e se apoderou no poder. Putin não deve atingir seu objetivoâ€. Em sua conta no Instagram, Navalny escreveu: “19 anos de um regime especial na prisão. O número não importa. Compreendo perfeitamente que, tal como muitos presos polÃticos, estou a cumprir penas perpétuas. Onde a esperança de vida é medida pelo tempo da minha vida ou pela esperança de vida deste regimeâ€, acrescentando, “o número da frase não é para mim. Ela é para ti. Eles querem assustar-te, não a mim, e privar-te da vontade de resistir. Você é obrigado a entregar sua Rússia sem luta para um bando de traidores, ladrões e vilões, que tomaram o poder. Putin não deve atingir o seu objetivo. Não perca a vontade de resistirâ€.

‘Navalny’, um filme que investiga a tragédia do envenenamento do proeminente opositor russo Alexei Navalny, ganhou o Oscar de Melhor Documentário │Jesse Grant / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
A maioria de seus aliados próximos fugiram da Rússia. A repressão contra vozes dissidentes aumentou depois do inÃcio da ofensiva russa na Ucrânia em fevereiro de 2022 e levou a maioria do perseguido movimento opositor ao exÃlio. A União Europeia denunciou um “processo forjado†e uma condenação “arbitráriaâ€, em represália à “coragem [de Navalny] de criticar o regime do Kremlinâ€. O Departamento de Estado dos Estados Unidos enfatizou em um comunicado que “durante anos, o Kremlin tentou silenciar Navalny e impedir que seus apelos por transparência e prestação de contas chegassem ao povo russoâ€.
Navalny foi preso em 2021 após voltar a Moscou vindo da Alemanha, onde esteve para se recuperar de um envenenamento cuja culpa ele atribui ao Kremlin. Desde então, já foi condenado a nove anos de prisão por denúncias de “peculatoâ€, que seus partidários consideram forjada em represália por ter desafiado o presidente russo. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu nesta sexta-feira a “libertação imediata†de Navalny. Essa última condenação “gera novas preocupações sobre a perseguição judicial e a instrumentalização do sistema judiciário da Rússia com fins polÃticosâ€, afirmou Türk em um comunicado.
Os últimos dias de Navalny antes do veredito transcorreram em uma cela de castigo, para qual, segundo seu porta-voz, ele é enviado frequentemente por pequenas infrações das normas penitenciárias. No total, passou quase 200 dias nessa cela, segundo sua equipe. O opositor disse que as autoridades penitenciárias o obrigaram a compartilhar cela com um réu doente e lhe submeteram e a outros presos a “tortura de Putinâ€, fazendo-lhes escutar repetidamente discursos do presidente russo. Também se queixou de problemas de saúde e ter perdido muito peso. Em abril, Navalny disse que poderia ser julgado separadamente por acusações de terrorismo passÃveis de prisão perpétua.
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*Com informações da AFP
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