A Polícia Federal abriu inquérito para investigar a destinação e origem dos recursos para a realização do Arraiá da Cidade Alta, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais. O evento, marcado para acontecer de 18 a 20 de agosto, é alvo de denúncias sobre o desvio de verbas e de recursos retirados da saúde.
A falta de transparência tem sido um dos motivos da investigação e, de acordo com a Polícia Federal, foi enviada uma notificação para interrogar o prefeito interino Edson Agostinho Carneiro (Cidadania), conhecido como ‘Leitão’, na terça-feira (15/08).
O Arraiá da Cidade Alta foi realizado pela primeira vez em agosto de 2022 e, em menos de um ano, o evento entrou para o calendário oficial da cidade histórica. A inclusão se deu por meio do Projeto de Lei (PL) 27/2023 de autoria do vereador Manoel Douglas (PV), conhecido como ‘Preto dos Cabanas’, e aprovado na Câmara Municipal de Mariana em março deste ano.
Na proposta do PL, nos três dias de evento, as ações desenvolvidas incluem torneios de diversos esportes, oficias, apresentações musicais e comercialização de produtos por moradores da própria comunidade dos bairros Cabanas, Santa Clara, Vale Verde e Cartucha.
Na página de divulgação do Arraiá da Cidade Alta é confirmada a presença de artistas não residentes da cidade histórica, como o cantor sertanejo Eduardo Costa que fará apresentação no dia 20.
Crise financeira
Em 10 de julho, o vereador Edson Agostinho Carneiro, então prefeito interino, decretou medidas de contingenciamento de despesas com o objetivo de equilibrar as contas públicas e atender os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.
O decreto reconhece que o município passa por uma crise financeira e, por isso, a realização do Arraiá da Cidade Alta causou indignação de moradores. A crise financeira atingiu a prestação de serviços do Hospital Monsenhor Horta, que ficou quase quatro meses sem receber o repasse das verbas. A dívida chegou a R$ 2 milhões e teve que ser renegociada.
No cenário de crise anunciada, o vereador Preto das Cabanas, idealizador do Arraiá da Cidade Alta, recebeu diversos questionamentos dos moradores em uma entrevista realizada no canal do Jornal Ponto Final, em 3 de agosto.
Na entrevista, o vereador disse que a cidade atravessa uma crise financeira, mas o evento foi aprovado e está no calendário oficial de Mariana, mas não deu detalhes em relação à origem exata do dinheiro para a realização da festa.
“O evento não é barato, mas deixo claro que não ultrapassa o R$ 1 milhão, estamos tendo responsabilidade, temos parceiros que estão enviando emendas para a cultura. Estão falando que estão tirando da saúde, mas isso é especulação. A Cedro Mineração está contribuindo para o nosso Arraiá e o que está sendo tirado dos cofres públicos é menos do que o evento do ano passado.”
A reportagem do Estado de Minas procurou a Cedro Mineração para saber se houve algum contrato de repasse financeiro assinado pela empresa e não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Também procurado pela reportagem para saber sobre as parcerias e valores do evento, o vereador Preto dos Cabanas não atendeu às ligações.
Procurada, a Prefeitura de Mariana não respondeu às perguntas até a publicação desta matéria.
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