Após 10 anos sob o comando do então poderoso Marcelo Nilo, a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) parecia ter se afastado da ideia de um parlamentar se perpetuar por muito tempo à frente da Casa. Ledo engano. Há, nos bastidores, um movimento crescente que pode entregar a Adolfo Menezes (PSD) um terceiro mandato, ancorado em uma mudança na Constituição baiana que chegou a ser plataforma de campanha para defenestrar Nilo do poder. E Adolfo nem precisa fazer muito esforço, já que está difícil achar algum adversário com viabilidade para o posto.
No entanto, o presidente da Assembleia não está sozinho no sonho de perpetuação no poder. O burburinho recorrente entre deputados federais baianos é de que Arthur Lira (PP-AL) pode fazer uma articulação parecida para conseguir uma segunda reeleição na sequência na Câmara dos Deputados. Parte deles é interessada em não ver a possível ascensão de Elmar Nascimento (União-BA) como possível sucessor do alagoano. Todavia, existe uma regra que de aplica com frequência na cena política: onde há fumaça, há fogo.
A questão Elmar, inclusive, é tratada com cautela tanto pelo governo quanto pela oposição na Bahia. Para os governistas, ter um homem como ele ainda mais poderoso na presidência da Câmara pode reduzir a própria força de quem tem acesso ao governo federal, algo apregoado como a grande vantagem desses políticos para 2026. Para os oposicionistas, ter que dividir holofotes com uma figura que é mais carreirista solo pode ser um problema, já que a chance dele se tornar um terceiro eixo na disputa baiana cresceria consideravelmente. É frequente ouvir que o nome de Elmar assusta antes mesmo dele ter acesso ao poder que teria se realmente assumir a Câmara. O adversário histórico dos Nascimento em Campo Formoso, Adolfo Menezes, que o diga.
Quem não parece participar dessa equação é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ele poderia ser beneficiário indireto desse movimento de Lira, então, como bom mineiro, finge não fazer concessões nesse sentido. Lira é mais poderoso que Pacheco, mas alguém que já se reelegeu não pode ser facilmente descartado – ainda que seja quase pule de dez que Davi Alcolumbre (União-AP) quer suceder aquele que ajudou a eleger e a reeleger.
É estranho debater esses temas com tanta antecedência. Novas eleições nas casas legislativas só acontecem em fevereiro de 2025. Porém não existe antecipação excessiva quando se debate perspectiva de poder e todos os citados conhecem bem onde as corujas dormem. Seja no Congresso, seja na Assembleia, qualquer articulação é premeditada. Sempre.
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