Resta um buraco onde antes chegaram a morar 116 mil palestinos

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Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel há mais de 16 anos, avisou de véspera:

“Senhoras e senhores, a Bíblia diz que há o tempo de paz e o tempo de guerra. Esse é o tempo da guerra. Pedir por um cessar fogo é pedir que Israel se renda ao Hamas, ao terrorismo, à barbárie. Isso não vai acontecer.”

À caça para matar Ibrahim Biari, um importante comandante do Hamas ligado ao ataque do grupo em 7 de outubro, havia no meio do caminho das tropas de Israel um grupo de edifícios em Gaza que abrigavam centenas de palestinos refugiados.

Sem problema: os edifícios foram destruídos por bombas lançadas de aviões. Nunca se saberá ao certo quantas pessoas morreram soterradas. Pelo menos 47 cadáveres foram contados nas primeiras horas após o bombardeio do campo de Jabaliya.

Foram seis ataques aéreos no total, que deixaram mais de 15o feridos no 25º dia de guerra. Entrevistado pela CNN e perguntado se os militares israelenses sabiam que havia civis em Jabaliya, o tenente-coronel Richard Hecht respondeu:

“Esta é a tragédia da guerra […] Venho dizendo há dias: ‘Movam-se para o sul, civis que não estão envolvidos com o Hamas, por favor, movam-se para o sul.’”

Mais de 1 milhão de civis palestinos não envolvidos com o Hamas moveram-se para o Sul, como pediu Israel, mas ali também são alvos de ataques. A remoção para o Sul facilitou pelo Norte a invasão de Israel à Faixa de Gaza, e ela ganha terreno a cada hora.

A escala da destruição levanta questões sobre se o número de civis mortos e feridos é proporcional aos objetivos militares declarados por Israel. Havia mais de 116 mil pessoas registradas no campo de Jabaliya, que cobre uma área de 1,4 quilômetros quadrados.

O direito internacional proíbe ataques em que o dano a civis e propriedades civis seja desproporcional ao ganho militar previsto. No caso de Jabaliya, o ganho seria a morte do comandante do Hamas que sequer estava lá, segundo um porta-voz do grupo.

A Al Jazeera, canal de TV com sede na Ásia Ocidental, noticiou que o ataque a Jabaliya matou 19 familiares de um de seus engenheiros de vídeo, Mohamed Abu Al-Qumsan: o pai, duas irmãs, um irmão, duas cunhadas, um tio e 12 sobrinhas e sobrinhos.

Na semana passada, a mulher, o filho, a filha e o neto do chefe da sucursal da Al Jazeera em Gaza foram mortos no ataque de Israel ao campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, onde se refugiaram. “Um crime hediondo”, classificou a Al Jazeera.

Os serviços de comunicação e internet foram cortados novamente na Faixa de Gaza, denunciou o principal provedor de telecomunicações do enclave, Paltel, em comunicado postado em suas páginas de mídia social na manhã desta quarta-feira.

Antes, a conectividade fora cortada na noite de sexta-feira quando Israel iniciou a sua invasão, deixando os dois milhões de habitantes de Gaza num blecaute de comunicações de 34 horas, incapazes de se comunicar com o mundo exterior e entre si.

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