Em decisão histórica, Vaticano aprova benção a casais do mesmo sexo

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Em uma decisão histórica, o Vaticano autorizou pela primeira vez, em um documento oficial, a benção de casais do mesmo sexo e em “situação irregular” para a Igreja Católica, mas seguindo com a oposição ao matrimônio homossexual. “Esta bênção nunca acontecerá ao mesmo tempo que os ritos civis de união, nem mesmo em conexão com eles. Nem sequer com as vestimentas, gestos ou as palavras próprias de um casamento”, explica o documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, aprovado pelo papa Francisco, e divulgado nesta segunda-feira, 18. No texto, o prefeito dessa congregação, o cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, declarou que “pode-se compreender a possibilidade de abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo, sem validar oficialmente o seu status ou alterar de alguma forma o ensinamento perene da Igreja sobre o matrimônio”.

A declaração recebeu o nome “Fiducia supplicans: sobre o sentido pastoral das bênçãos” e é a primeira que a Doutrina da Fé, antigo Santo Ofício, publica nos últimos 23 anos, desde a “Dominus Jesus” (2000). “Não se deve promover nem prever um ritual de bênção de casais em situação irregular, mas também não se deve impedir ou proibir a proximidade da Igreja em todas as situações em que a ajuda de Deus é solicitada através de uma simples bênção”, sentencia a Doutrina da Fé na sua declaração. A bênção dos casais homossexuais ou “irregulares”, isto é, daqueles que não são casados ​​canonicamente pela Igreja, pode ser precedida de uma “breve oração” na qual o sacerdote pode pedir para os abençoados “paz, saúde, espírito de paciência, diálogo e ajuda mútua”.

Essa possibilidade já tinha sido adiantada pelo pontífice em outubro. Na ocasião, ele enfatizou que a bençãos era decidida caso a caso e alertou para que não fosse confundido com cerimônias de casamento de casais heterossexuais. Segundo o pontífice, algumas vezes os pedidos de benção são uma forma de as pessoas se aproximarem de Deus e viver vidas melhores, mesmo que alguns atos sejam “objetivamente moralmente inaceitáveis”. “A caridade pastoral deve permear todas as nossas decisões e atitudes. Não podemos ser juízes que apenas negam, rejeitam e excluem”, disse Francisco. “Quando você pede uma bênção, você expressa um pedido de ajuda de Deus, uma oração para poder viver melhor, uma confiança num pai que pode ajudá-lo a viver melhor”, escreveu o chefe da Igreja Católica na carta.

A decisão de autorizar a benção de casais do mesmo sexo era uma vontade do papa e representa uma mudança de posição em relação àquela que o Dicastério publicou em março de 2021, então liderado pelo espanhol Luis Ladaria Ferrer, e que dizia que a Igreja Católica não poderia transmitir sua bênção às uniões de pessoas do mesmo sexo. A Igreja ensina que ter atração por pessoas do mesmo sexo não é pecado, mas engajar-se em atos homossexuais, sim.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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