Após 19 anos de prisão, o norte-americano Marvin Haynes deixou a penitenciária estadual de Stillwater, nos Estados Unidos. Na manhã dessa segunda-feira (11/12), o juiz do Tribunal Distrital do Condado de Hennepin (Minnesota), William Koch, anulou a condenação do homem por um assassinato ocorrido no norte de Minneapolis, em 2004.
A libertação ocorreu dias depois de ele ter completado 36 anos. Os advogados do ex-prisioneiro e o gabinete do procurador entenderam que as provas usadas para condená-lo eram “inconsistentes com as melhores práticas”.
A condenação havia sido supervisionada pela senadora estadunidense Amy Klobuchar, então chefe de gabinete do Procurador do Condado de Hennepin. À época, ela empreendia uma dura cruzada contra o crime na região.
Após a audiência, Haynes falou à imprensa, no Centro Governamental do Condado de Hennepin. “Eu agradeço a todos — pelo seu amor e suporte. Estou livre agora”, declarou, vestido em uma camisa do Great North Innocence Project, organização que o representou legalmente.
O caso Tudo começou em 2004, durante uma tentativa de assalto a uma floricultura no norte de Minneapolis. Um homem invadiu o estabelecimento e exigiu dinheiro de Cynthia McDermid, única funcionária do local. Ao ver a situação, o irmão dela, Harry “Randy” Sherer correu para socorrê-la. Nesse instante o assaltante o acertou com um tiro. Às autoridades, a moça descreveu o indivíduo como um rapaz negro, de cabelo curto. Relato corroborado por uma garota de 14 anos que também viu o atirador.
Ao interrogar McDermid, os policiais a mostraram uma série de fotos, dentre as quais não estava a de Marvin. O suspeito identificado por ela estava fora do estado no momento do crime, a polícia o descartou.
Dois dias depois, uma denúncia anônima apontou Marvin Haynes como culpado pelo assassinato. A aparência dele, no entanto, não correspondia com a descrição do real criminoso, pois, à época, ele era mais baixo, claro e tinha cabelo maior.
A família do acusado também discordou da conclusão das autoridades e argumentou que, no momento do ocorrido, ele estava em casa, dormindo.
Os investigadores então realizaram um novo interrogatório. Dessa vez, incluíram uma foto mais antiga de Haynes, quando ele estava com cabelo mais curto e aparência próxima a do suspeito descrito.
As testemunhas então o apontaram como o atirador, ainda que com dúvidas. Além disso, a adolescente que disse ter visto o assassino, afirmou não ter visto bem o rosto do homem. A polícia também não conseguiu recuperar a arma usada no assalto, nem evidências que o ligavam ao crime.
Condenação Em 2005, o júri de Hannepin considerou Haynes culpado. Aos prantos, durante a audiência, ele declarou: “Eu não matei aquele homem! Todos vão queimar no inferno por isso”.
Somente após o Great North Innocence Project ter levado formalmente o caso ao Gabinete do Procurador do Condado de Hennepin, iniciou-se o processo de revisão dos fatos envolvendo Marvin.
Andrew Markquart, advogado do projeto, explicou que revisitações de casos como esse são raras em Minnesota, principalmente após dois de penalidade. “Por uma questão de boas políticas públicas, não podemos confiar apenas nos promotores para fazerem voluntariamente a coisa certa”, disse ele.
O advogado afirmou que Marvin apresentará pedido de compensação pela sentença injusta. Apoiadores do ex-condenado criaram um financiamento coletivo na plataforma GoFundMe, enquanto ele procura emprego.
Após a decisão que o libertou, Marvin contou que presente visitar a mãe, que teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há alguns anos. “É o primeiro lugar para onde irei”, disse emocionado.
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