Neste dia 9 de janeiro é celebrado o Dia do Fico. A data faz referência à decisão do então príncipe Pedro de Alcântara (que depois se tornou o imperador Dom Pedro I) em permanecer no Brasil, mesmo após a ordem das cortes portuguesas em ele retornar a Lisboa em 1822. O nome da data histórica é inspirada na declaração que o príncipe teria dado ao público ao contrariar a determinação de Portugal: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico”.
Para entender o simbolismo do Dia do Fico, é necessário voltar um pouco no tempo. Em 1808, a família real portuguesa chegou ao Brasil fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte, que ameaçaram invadir Portugal. Com isso, o país deixou de ser colônia e passou a ser considerado reino.
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Em 1821, houve a Revolução do Porto, quando as elites políticas portuguesas quiseram a instalação de uma Constituição e forçaram o rei João VI a voltar para Portugal, deixando o filho Dom Pedro como príncipe-regente. Nesse processo histórico, uma das exigências feitas pelas cortes portuguesas foi o retorno do então príncipe-regente ao país de origem, com a ameaça de que o Brasil deveria voltar ao status de colônia.
Sendo assim, grupos políticos do Brasil, conhecidos como liberais radicais, se mobilizaram e reuniram oito mil assinaturas a favor da permanência de Dom Pedro no país. A decisão do príncipe-regente em ficar bateu de frente contra os interesses de Portugal. Meses depois, após vários embates, houve a Independência do Brasil, proclamada no dia 7 de setembro.
O historiador Laurentino Gomes explicou à revista Aventuras na História que a famosa frase do Dia do Fico que conhecemos atualmente não foi dita literalmente por Dom Pedro I, mas que passou por reformulações ao longo da história.
“As primeiras palavras de Dom Pedro teriam sido pronunciadas em tom cauteloso: ‘Convencido de que a presença de minha pessoa no Brasil interessa ao bem de toda a nação portuguesa, e conhecido que a vontade de algumas províncias assim o requer, demorarei a minha saída até que as cortes e o meu Augusto Pai e Senhor deliberem a este respeito, com perfeito conhecimento das circunstâncias que têm ocorrido”, pontua Laurentino, autor do livro 1822: Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram dom Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado.
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