Atuar em uma campanha eleitoral não é fácil, ainda mais com tantos desafios que surgem com as redes sociais. Mas para o advogado baiano Tiago Ayres, que atuou na defesa da primeira campanha de Jair Bolsonaro à presidência, em 2018, e na de Tarcísio de Freitas para o governo de São Paulo, em 2022, também pode se transformar em uma oportunidade.
Ayres foi o convidado desta quinta-feira (29) do JusPod – o podcast jurídico do Bahia Notícias -, e relembrou algumas estratégias que usou durante as disputas. “A segunda campanha já foi muito mais estruturada. [Bolsonaro] já tinha sido presidente da República. No nosso caso, era uma campanha pequena, só que nossos problemas eram gigantes. Então eu tinha toda liberdade. Eles não estavam nem sabendo que eu tinha reunião no Supremo, no TSE…”, comentou.
Ayres reforçou que não tem uma preferência política, e que atua tanto para candidatos da esquerda quanto da direita. O advogado defendeu que fez uma escolha de não se envolver pessoalmente com política, apesar de reconhecer que há profissionais que agem com mais paixão em relação ao candidato. Ainda assim, falou sobre as oportunidades que surgem ao atuar em casos de tanta repercussão.
“Quantas chances um advogado eleitoralista tem de advogar para um candidato a presidente da República? E um candidato que veio a ser eleito? E no início era 2% (de intenções de voto). Ele tinha 8 segundos de tempo de televisão”, relembrou, falando que “abraçou o desafio” de coordenar a campanha.
ATUAÇÃO PREVENTIVA
Já na disputa de Tarcísio de Freitas, na briga pelo governo do estado de São Paulo, o diferencial para ele foi antever cenários para atuar “preventivamente” a partir de situações que imaginaram que poderiam acontecer. Segundo Ayres, é necessário fazer isto em qualquer situação, mas “tem muito de faro, não tem muito de ciência”.
“A gente tem que buscar fazer essas antecipações. Veja o domicílio eleitoral, que é uma coisa muito simples. Nunca gerou maiores polêmicas. Se tornou um grande ponto na campanha de São Paulo. Você teve a questão de Sérgio Moro e de Tarcísio. Mas nós antecipamos muito as coisas. O governador, 4 meses antes, já tinha feito a transferência dele, e já tinha feito todo dever de casa”, exemplificou. Nascido no Rio de Janeiro, Tarcísio morava em Brasília e transferiu seu título de eleitor em setembro de 2021, declarando morar em São José dos Campos, no interior paulista. A Justiça Eleitoral exige residência mínima de 3 meses no novo domicílio para quem deseja se candidatar em uma cidade ou estado específico.
“Quando a oposição a ele foi impugnar a campanha, foi questionar a transferência, já tinha passado 4 meses, tinha 10 dias pra fazer isso. Mesmo assim, foram na Polícia Federal, depois, quando não tiveram vitória, foram na perspectiva penal, aí foi pra Corregedoria… Foi uma loucura. Até drone colocaram no apartamento, pra dizer que não morava”, revelou.

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