Importunação sexual no DF: 30% dos criminosos não são identificados

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Três em cada 10 suspeitos de importunar sexualmente pessoas no Distrito Federal sequer são identificados. O delito que se repete a cada 15 horas no Distrito Federal deixa 30% dos criminosos impunes.

No ano passado, foram identificados apenas 591 autores das 846 ocorrências, sendo 578 homens e 13 mulheres. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF).

O registrado em 2023 é, até o momento, o maior da série histórica, quando o crime de importunação sexual foi tipificado em 2018. No primeiro ano, foram contabilizadas 53 denúncias do crime no DF.

Nos anos seguintes, os casos pularam para 371 em 2019; 433 em 2020; 516 em 2021 e 682 em 2022. Em janeiro e fevereiro deste ano, foram computados 98 casos.

Os criminosos não se intimidam de serem vistos. Em 56,8% do casos, a violência ocorreu em locais públicos.

Os dados chamam a atenção especialmente após a repercussão nacional do crime cometido pelo empresário Israel Leal Bandeira Neto, que passou a mão nas nádegas da nutricionista Larissa Duarte, 25, dentro de um elevador no Ceará.

O caso ocorreu em 15 de fevereiro último, mas veio à tona na segunda-feira (18/3), após o vídeo viralizar nas mídias sociais. Com a exposição do crime, Israel Neto apagou os perfis nas redes e foi demitido.

 

Assim como Larissa, a maior parte das vítimas é mulher, com idade entre 18 e 30 anos (42,6% nessa única faixa etária). Em seguida, as principais vítimas são menores de idade, em 28,6% dos casos.

Perfil das vítimas A revoltante situação que Larissa viveu não é tão diferente da realidade das mulheres do DF. Segundo os dados, as 846 ocorrências de importunação sexual de 2023 tiveram 982 vítimas, sendo 884 mulheres e 98 homens. Em seis casos houve reincidência.

 

Nessa terça-feira (19/3), um passageiro de um carro de aplicativo foi preso após se masturbar dentro do veículo e assediar a motorista no Distrito Federal.

O homem teria dito à vítima: “Hoje eu quero gastar dinheiro com mulher. Quanto você quer para vir aqui atrás para me chupar?”. A motorista contou que cobrou respeito e, com medo, pediu para ele descer do carro, mas o homem disse que não.

Pelo espelho retrovisor, a vítima percebeu que ele se movimentava e fazia barulhos libidinosos. Aterrorizada, a motorista parou o carro três vezes, repetindo o pedido para o passageiro descer. Novamente ele se negou. A mulher contou que depois de alguns minutos olhou para trás e viu o homem com o pênis para fora, se masturbando.

Ela conduziu o carro até a 32ª Delegacia de Polícia e ele foi preso com as “calças arreadas”.

Outros casos Em novembro do ano passado, um homem foi preso após importunar uma mulher no meio da rua, no Sol Nascente. No momento do crime, ela estava com uma criança.

Imagens da câmera de segurança de uma casa gravaram o momento em que o criminoso, vestido com regata e bermuda pretas, aproxima-se das vítimas.

A mulher e a criança estavam paradas em frente a uma casa, quando o homem chegou por trás delas, abaixou a bermuda e se esfregou no corpo da mulher. Veja o vídeo:

Em outro caso, também de 2023, um homem foi preso após passar a mão nas nádegas de uma mulher. Ele também teria tentado enfiar a mão dela dentro da bermuda dele. O crime ocorreu na Praça Central da Vila Planalto.

Como denunciar A Secretaria Pública reforçou a importância em denunciar o crime. A Polícia Militar pode ser acionada pelo número 190 e a Polícia Civil pode ser feita online neste link, por e-mail denuncia197@pcdf.df.gov.br, telefone (197, opção 0) e pelo WhatsApp (61) 9.8626-1197.

Dentro de ônibus, os motoristas e cobradores são orientado sobre os procedimentos em casos de crime, podendo conduzir o veículo até a delegacia mais próxima ou interromper a viagem e acionar a Polícia Militar. Todos os anos, campanhas são feitas contra abuso e assédio sexual.

A SSP reforçou que o enfrentamento à violência contra a mulher é um eixo prioritário do programa da pasta, o “DF Mais Seguro – Segurança Integral”, que reúne uma série de ações e projetos que visam fortalecer o trabalho conjunto entre órgãos do governo e a sociedade civil na proteção das mulheres.

“Entre essas ações, está o incentivo à denúncia para interromper o ciclo de violência, permitindo que a rede de apoio possa atuar, reduzindo a subnotificação e ampliando a notificação de casos identificados. Nesse sentido, os registros desses casos podem estar relacionados às diversas campanhas de incentivo à denúncia e, ainda, a ampliação dos canais de denúncia, como o Maria da Penha on-line”, informou em nota.

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